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Episodio 22

Três Divãs
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136 Plays8 months ago

Paula Trigo da Roza, psicanalista

Transcript

Introdução ao podcast e essência do rock'n'roll

00:00:10
Speaker
Três Divãs. A Psicanálise. O Mundo. E o Rock'n'Roll.
00:00:22
Speaker
Ana Teresa, para onde é que é agora o rock'n'roll? Perguntava-me no outro dia ao meu amigo Ganda, depois do concerto que tínhamos acabado de assistir. As pessoas mais novas do que nós, que nos acompanhavam, julgando que falávamos de música, perguntavam-nos o que é que era isso de ir para o rock'n'roll. Ao que o Ganda respondeu, o rock'n'roll é onde está a vibração.
00:00:46
Speaker
Eu, que passo o tempo a dizer que o rock'n'roll é liberdade interna, de uma coisa tenho a certeza. um ingrediente que não me pode faltar. Aquele que alguns genuinamente têm, sem recorrer à fórmula criada para a sua construção. Desejo. E esse ingrediente tem dentro entusiasmo, força, coragem e muita, muita honestidade.

Memórias de infância e conexão com rock'n'roll

00:01:11
Speaker
Vida.
00:01:12
Speaker
O disco de hoje é de um homem que poderia ser a personificação do rock. Não me lembro da primeira vez que o ouvi, mas a primeira vez que o ouvi foi a Preta e Branco, quando a minha mãe me chamou para ouvir na nossa televisão, na Marquise, junto à cozinha. Ela, de avental e pane na mão, batia o pé. Eu, maravilhada com a vibração. A dela e a dele.
00:01:35
Speaker
numa camisa com mangas dobradas a realçar-lhe os bíceps. Eu teria 5 ou 6 e a minha mãe 30, 31 anos. Anda, anda-lo, exclamava ela enquanto corria atrás da música. E ali ficámos, as duas, maravilhadas em frente à tua visão. Creio que com a líbido dirigida exatamente para o mesmo lugar, embora 24 anos nos separassem.
00:01:58
Speaker
O disco de hoje é Rock and Roll do princípio ao fim. O disco de hoje mostra-nos que é possível sonhar a partir de um riff e criar um mundo onde o amor, a amizade, a esperança, o trabalho, a justiça, a verdade e a vontade de viver coabitem no mesmo objeto, que pode ser tão somente esta bola onde todos estamos.
00:02:20
Speaker
Escrevi o Born to Run sentado à beira da minha cama, numa casa de campo recém-alugada, no número 7 e meia da West End Court, em West Long Branch, New Jersey. Na altura, estava mergulhado num frenozinho de descoberta do rock'n'roll dos anos 50 e 60. Tinha posto uma pequena mesa com um giradisco ao lado da minha cama e precisava de rebular suno lentamente para pôr a agulha a deslizar sobre aquilo que fosse o meu álbum preferido do momento.
00:02:48
Speaker
à noite, desligava as luzes e deixava-me embalar até à terra dos sonhos pelas vozes do Roy Orbison, Phil Spector ou Dwayne Eddie. Aqueles discos falavam-me de uma maneira que a maior parte do rock produzido no final da década de 60 e início da década de 70 não conseguia fazer. Amor, trabalho, sexo, diversão. O romantismo obscuro de Roy Orbison ou de Spector estavam em sintonia com a minha ideia de romance, com o próprio amor a mostrar-me
00:03:18
Speaker
uma enunciação arriscada. Aquelas eram gravações bem trabalhadas a trazandarem a inspiração, servidas por grandes canções, grandes vozes, grandes arranjos instrumentais e excelentes músicos.

Apresentação de Paula Trigo da Rosa e seu background

00:03:36
Speaker
A convidada de hoje, Três Divãs, escolheu um disco que apela intrinsecamente ao melhor de todos nós. Um disco onde se sente o esforço da maior corrida de todas, a corrida pela vida. E haverá outra hipótese que não nascer para correr?
00:03:51
Speaker
e o que podemos fazer com este mundo desfolhado de desejo. A vida traz, diz-nos Paula Trigo da Rosa, a nossa querida amiga e colega que escolheu o brilhante Born to Run do Bruce Springsteen para vir aqui ao Três Divãs pela primeira vez na Casa do Comum conversar comigo e com a Patrícia Câmara. Bem-vinda, Paula.
00:04:14
Speaker
Olá, obrigada pelo convite. É super simpático estar aqui, ver-vos e rever-vos e podermos estar à conversa com a Morita, não é? Que temos aqui para partilhar ideias e afins. E vamos lá. Então, desembrulho. Porque tens que te apresentar primeiro.
00:04:37
Speaker
disseste o nomezinho, está. Pronto, sou eu a própria. estou eu. estou eu. E eu fico a pensar, sabe o quê? Enfim, Paula Triques da Rosa, eu sou psicóloga, você sabe, psicanalista, mãe de dois filhos.
00:04:52
Speaker
Maravilhosos. A Maria e o Manel. Grandes, já. Quase da minha idade. Muitas pessoas me dizem, a Maria tem 30 anos, toda a ver. Eu acho que ainda não passei nos 30. E não passes. E que não passes. Diz? E que nunca passes. Espero que não. Eu estou um bocadinho assim a ver pior e um bocado surda, mas acho que isso não é grave. Claro. Não. Mas, enfim, o que é que eu posso dizer de mim?

Juventude de Paula e a busca por liberdade

00:05:19
Speaker
O Born to Run. Posso me apresentar através dele? Queres começar por aí? Sim, podemos ir. Posso. Enfim, porque o resto não tem grande interesse. Digo, mas o Born to Run é um disco. Posso falar mal? Claro.
00:05:34
Speaker
Do Carassas. É mesmo um disco do Carassas. Acho que é um discão, marca uma fase, uma época tanto do Bruce, como sabemos, ou tu sabes pelo menos isto também, que fez assim a viragem e o twist da carreira dele.
00:05:55
Speaker
E acho que em termos musicais, na época, do que eu sei, não sei muito, mas do que consegui ver à distância, é assim um arco histórico. Mas, independentemente disso, que é mais a lógica,
00:06:09
Speaker
Eu lembro-me de miúda, não sei a que idade eu tinha, porque este disco é de 75, não é? Este disco é de 75. Eu sou de 65. Tinha dez anos. Tinha dez anos. Eu acho que não é aí. Está a ver, um bocado mais tarde, não muito mais, 14, por aí, que eu descubro, enfim, pelo menos mais intensamente, uma data de música outra,
00:06:38
Speaker
família bastante conservadora.
00:06:42
Speaker
com uns traços de modernidade, mas bastante conservadora. E eu cresci, enfim, numa família conservadora, apesar de... Meu pai não era português, era em inglês de Hong Kong, mas viveu sempre em Portugal, foi muito pequenino para cá, mas nasceu lá. E a minha mãe era a mãe francesa, e a mãe dela, e aquilo tudo. Eu não tenho quase família cá.
00:07:09
Speaker
Eu tinha acesso, sobretudo pela parte da minha mãe, a um mundo completamente que eu desconhecia. Portugal era um país pequeno, continua a ser, mas muito fechado. E os meus pais...
00:07:27
Speaker
Se calhar um bocadinho em contraponto a estes meus avós que tinham uns lives de modernidade inacreditáveis completamente, que me faziam retirar um bocado da norma escolar que eu se usava, sei lá, eu lembro-me de andar em colégios de freias,
00:07:45
Speaker
e ir com uma gavardinha transparente para a escola. Fiquei sem amigas, quando acabou. não tinha amigas, acabaram ali. Depois tinha um guarda-chuva verde alface com um cabo dourado. Mais um ano sem amigas. Aquilo era dramático. E as minhas avós traziam aquelas coisas, sabe-se de onde?
00:08:07
Speaker
Em que era tudo muito cinzente e muito igual, muito cisudo, enfim, com o regime da época e com as circunstâncias naturais da época. E no Colégio de Faneiras. E eu era danada. Eu tinha uma energia inacreditável que, enfim, mantém o que dizem.
00:08:30
Speaker
Mas tinha uma energia brutal. Era tipo meia-maria rapaz. Apesar de ser muito menina também, mas adorável. estava sempre a mexer. Eu faço bastante esporte ainda hoje e preciso imenso de fazer. E na altura eu estava sempre a fazer pinhos-pontes e ia subir às árvores e tal. Estava sempre castigo também.
00:08:49
Speaker
Não se podiam, as meninas não podiam fazer isso. E, portanto, eu acho que, miúda e novinha, de uma maneira qualquer, e os meus pais, acho que, enfim, com o melhor das intenções, mas pelas características deles e por reação um bocado estes avós mais, enfim, abertos ao mundo, os meus pais, acho que, em contraponto, fizeram uma coisa familiar mais, outra vez, mais conservadora.
00:09:20
Speaker
E eu acho que de todos os meus irmãos foi a que era mais reativa, claramente, a essa realidade.
00:09:26
Speaker
E então acabava por contrapor constantemente tudo, em um par de botas. Acho que era uma miúda olhando para trás, mais ainda com a nossa formação, que nos obrigava a pensar bastante nos nossos botões. Era uma miúda com uma sensibilidade muito marcada. Eu lembro-me desde miúda pensar a mil completamente.
00:09:52
Speaker
e depois havia assim uns pormenores que ajudavam e que eu acho que consegui, enfim, não enlouquecer e ficar com a parte melhor disso, porque os meus irmãos eram terríveis e então eu era miúda e tenho uma diferença de idade deles.
00:10:06
Speaker
Eu tinha muita pesquisa para maturar. Então puxava-me no armário. Vai daí, porque não é simpático. Então eu comecei a ver... Você está dentro do armário? É que eu não fico? Não, mais ou menos. Eu comecei a sair do armário, mas ao princípio eu não conseguia sair porque era de faca pequena. Ninguém se dava conta que eu estava lá. Então eu comecei a imaginar coisas. Os sapatos eram pessoas, portanto a minha imaginação, enfim... Brutou com uma fertilidade, precocemente.
00:10:35
Speaker
Até que a minha mãe percebeu e percebeu que aquilo não estava a correr muito bem e, portanto, saía melhor não. Daí, no meio deste enquadramento, eu acho que desde muito miúda não fui muito entendida, enfim, na minha identidade mais profunda, sei se isso pode dizer, e na minha essência. E, portanto, de uma maneira ou de outra,
00:10:59
Speaker
O Born to Run e Os Bruços da Vida sempre me... Quase de uma forma primária. Era quase como aquilo que eu tocava uma tecla, para ver que me punha ao rubro, a querer ir sempre mais longe e para onde é que eu vou. E que eu acho que este álbum e esta música em particular tem esse... fachinho de pôr completamente a vibrar e a mexer, sabe-se para onde.
00:11:28
Speaker
E eu acho que...
00:11:31
Speaker
falando-me deste enquadramento interno, histórico lá, faz todo o sentido. A certa altura eu precisava, efetivamente, de quebrar ali um conservadorismo, uma rigidez, enfim, que não me servia. E ir mais longe eu era super curiosa, ainda hoje sou, mas era muito curiosa. Eu queria ver tudo, queria saber tudo, queria ir para além de tudo, queria experimentar tudo.
00:12:01
Speaker
e os meus pais sempre... onde é que esta miúda vai? Acho que este álbum, mais tarde na minha adolescência, na altura em que isto me marca mais, muita música, sempre adorei música, mas...
00:12:18
Speaker
este álbum entra em que confesso que não é nada pensado à escolha na época, não é? E até tive um bocado algumas coisas e a pensar um bocado porque esta escolha tão imediata, estás a ver, tão direta, que é um álbum que eu acho incrível, mas que tocava certinho em tudo aquilo que eu precisava, que era romper, ir mais longe,
00:12:47
Speaker
dar a mão a alguém, encontrar suporte nisso, e mais do que isso, encontrar sentido, um sentido próprio, que eu acho que durante algum tempo não encontrava muito nos meus pares, e à minha volta, no enquadramento que eu tinha, sentia-me sempre um bocado de peixe fora de água.
00:13:07
Speaker
era um bocado peixe fora d'água, desde a gabardine transparente até, de repente, ao pôr-me de uma forma muito maciça a questões religiosas, sendo que eu andei sempre em colegios religiosos, tenho que dar uma calerada. E, apesar de, assim, à distância, mesmo na altura, eu reconhecer que tive imensas vantagens e que tive imensas coisas ótimas em termos de educadores e de humanismo, andei em jesuítas também.
00:13:36
Speaker
E, então, chega ali a adolescência e sempre debaixo dos pães, porque era muito controlada. Eu era uma miúda gira, na altura, muita gira, e então aquilo era um sucesso de bilheteira, era o meu problema. E então me dão para os meus pais, aquilo era o fim do mundo. Então tinha imensas prohibições do tipo, sabe? Para vocês verem como tem graça e como é impensável hoje em dia. Eu não sou assim tão velha, não é?
00:14:04
Speaker
Eu não podia usar a biquíni. É espetacular. Por exemplo, até tardíssimo, não podia furar as orelhas. Tipo, coisa espetacular. Claro, como podem calcular, a minha adolescência fez-se uma coisa meio convulsiva.
00:14:21
Speaker
Em que debaixo dos panos eu consegui basicamente fazer tudo aquilo que eu queria, com felicidade de uma senhora empregada que trabalhava em casa dos meus pais desde que nós nascemos e que tinha uma relação fortíssima comigo, e que me protegia. Então eu conseguia dizer, eu vou sair e tu abras uma porta às tantas horas, porque eu depois tinha que cumprir tudo, tinha que ser boa aluna, tinha que estar aquela hora à mesa. Se eu fizesse essa parte, o resto valia tudo.
00:14:51
Speaker
E então eu fazia, de então eu não faço ideia, mas enfim, miúda. E eu fugia para a Jamaica. Não é que a Jamaica não é a Jamaica, né? Então aquilo era lá.
00:15:06
Speaker
barinheiras e meninas, eu, um grupo de amigos, e de repente era, Malta, é meia-noite, a Betinha, que era eu, tem que ir para casa, não? Arrambou em mim, aquilo estava tudo hostal, porque se começavam a meter comigo e não sei o quê, está tudo hostaladão, eu a curtir, música, que era o que eu queria, e depois ia para casa assim, entrada, perfilava-me e tudo correia lindamente.
00:15:33
Speaker
Porque eu acho que ele entra na minha vida um bocado por aí, nessa época. E com este significado de liberdade interna, como tu dizes bem, eu acho que o teu texto diz tudo. De repente a certatura não mais para dizer. Mas essa liberdade interna, essa necessidade de romper, essa procura também de, enfim, roberdade de lociência,
00:15:59
Speaker
o coração aos saltos e o corpinho também, e, portanto, à procura de maldade poder romper com tudo isto e encontrar um novo destino, portanto, uma adolescência gira.
00:16:14
Speaker
Ao contrário de que se calhar possa parecer super... Como eu tinha uma parte de ter que responder para que tudo isto fosse possível, sempre tudo corre bem. Nunca tive tendência a nada para sair fora do baralho, nem para me perder, porque para mim eu não queria perder, eu queria mesmo era encontrar. E acho que me fui encontrando e a música e este álbum teve algum papel espetacular
00:16:44
Speaker
vitalidade e na drive que me dava e na esperança de poder ir mais longe, como tu dizes e bem. E portanto foi por isso que eu escolhi este álbum, que acho que é assim um...
00:16:58
Speaker
um aglomerado, um amor adolescente, um desejo de rotura e de vitalidade, que eu acho que hoje em dia, claro, e se calhar na idade adulta, que ter uma perspectiva diferente, obviamente, mas não tem em tudo, mas é parcialmente, mas acho que uma parte desta vitalidade adolescente e deste desejo de romper e de procurar sentido e um novo sentido,
00:17:27
Speaker
e do lugar do amor, de suportar a frustração e a resiliência, que eu acho que esta música transpira, que eu acho que mantém e que acho que é super importante todos resgatarmos um pouquinho dentre nós. Eu não tenho muita dificuldade porque, enfim, isto transborda. Às vezes tenho mais dificuldade, se calhar é um bocadinho a conter.
00:17:50
Speaker
Mas, enfim, acho que é por isso que eu escolho de Caras. Podia escolher outras coisas, mas acho que escolho de Caras. O Bruce e este álbum em particular. Eu estou sem palavras.
00:18:08
Speaker
Então, mais se quiseres adotar algumas. Passa-me aqui por baixo também. Mas olha, faz o quê que é tão engraçado, antes de te perguntar outra coisa em relação ao disco.

Marcos do podcast e impacto de 'Born to Run'

00:18:21
Speaker
Ainda um bocado, até disse à Patrícia isto, que foi... Nós gravámos o primeiro podcast, o primeiro 3 de Ivãs, gravámos em 27 de Janeiro de 2022. Portanto, fez dois anos agora no...
00:18:37
Speaker
Agora em janeiro. E nós gravámos a uma sexta-feira, ele depois, como estamos a gravar hoje, depois ele sai dia um todos os meses. E a Patrícia Câmara gravou e foi para Nova Iorque no dia seguinte e o façamos a um de fevereiro. Ou seja, o podcast estreou no dia do meu aniversário. E a Patrícia vem de lá.
00:18:56
Speaker
do Estados Unidos, Nova Iorque. Sim, não me levou para Nova Iorque. Eu fiquei a editar o bote-resta. Pois eu também achei. Ela não me levou para Nova Iorque, mas trazem-me um original vinil do Born to Run. Foi a prenda-denos dela.
00:19:12
Speaker
Ficou tão incrível. Ainda um bocado, estávamos a falar nisso, e dizia-lhe, tu me deste o disco, que depois o nosso primeiro podcast foi para o ar, que foi o disco que tu escolheste. E que, por incrível que pareça, hoje também a escrever este textosinho para fazer a introdução, fui ao Facebook fazer uma story, que era para anunciar o podcast hoje. E acho que o Facebook me lembra que exatamente neste dia ele lançou a autobiografia dele.
00:19:39
Speaker
A sério que gira? Faz oito anos que lançou o Born to Run, a autobiografia. E é incrível porque o Facebook hoje me lembrou disso, quando eu estava agora a escrever o texto. E achei isto tudo, pronto, é o que é. É simbólico. Mas a psicanálise diz muita coisa e é tudo simbólico, não é? E sintónico. E a Carolina está ali, como nós estamos aqui na Casa do Comum, na livraria, a Carolina está com o Born to Run nas mãos, não o disco, o livro, e o está a folhar.
00:20:08
Speaker
Por isso sim, um disco espetacular, que acho que o mundo dele próprio diz que queria ter feito isto, não é? Como se fosse a última coisa da Terra, o último disco a ser ouvido, a última coisa, que é espetacular. Acho que outras bandas a este nível, como é óbvio, mas é... Gostei mesmo muito da tua escolha. Diz-te logo que fiquei muito contente. Agora...
00:20:32
Speaker
O disco e tu, para nós pôrmos aqui um bocadinho de música para ouvirmos, a tua canção favorita do disco é também o One to Round.
00:20:41
Speaker
Eu adoro Bond to Run, porque acho que tem uma força e uma vitalidade espetacular. E depois fui ver, porque fui também fazer o que está ali a fazer a Carolina. Eu não tinha lido a autobiografia do Bruce. Comprei até a propósito da Bada. Deixa-me ver o sentido de algumas coisas que eu não sei e perceber se isto encaixa, porque vai encaixar, porque tem que encaixar.
00:21:06
Speaker
Não podia não encaixar, porque quando a força do embate primário de uma coisa qualquer, na minha opinião é desta dimensão, tem um sentido próprio que normalmente tem mais ou menos claro, não é? É óbvio. E foi. E então eu estava a ver e agir porque eu não tinha percebido da lógica que ele imprime ao próprio álbum.
00:21:30
Speaker
E esta música é uma música do meio, que divide ali um bocado, supostamente isto é um conjunto de minhetas na cabeça dele, e é o que ele pretende tentar passar, que vão de tema em tema, e começa numa manhã, aquilo de um dia, não sei, de outono, uma coisa assim.
00:21:48
Speaker
E acaba na noite, e este tema é um tema do meio em que se faz a transição, enfim, de ter uma tentativa de resgate para partir para qualquer coisa, em que aqui, efetivamente, ele consegue sediar-se nessa partida e depois começa a aparecer ali, enfim, a dúvida, uma certa decepção, as questões que se colocam face à realidade, enfim, da noite, se assim se pode dizer,
00:22:16
Speaker
nas necessidades de apoio, nas músicas de fim. E giro com outras coisas. Os caras estão a falar muito, todos estão a escutar. Giro com outras coisas. Acho piada, nós temos achado as três, porque é outro feito da previsão, encontrar um sentido. E na música, que é uma coisa incrível, eu sei pouco.
00:22:40
Speaker
mas tive imensa oportunidade de acompanhar de perto muitos músicos, muitas gravações, muito estúdio e perceber uma data de coisas que eu não sabia.
00:22:56
Speaker
E agir e perceber como insíduos que são completamente uma explosão de talento, como diz o Brúcio. O Brúcio diz isso na biografia de Aude Agir. E de quase coincidência, estás a ver, em que aquilo irrompe qualquer coisa sem sequer haver um espaço de grande pensamento e de deliberação.
00:23:15
Speaker
Mas, e ele também diz isso e acho que é verdade, muitos outros temas não. Tem imenso trabalho por trás daquilo de, sei lá, 5% de inspiração e o restante é transpiração a sério. E de elaboração e de dúvida e de integração desde o instrumento
00:23:36
Speaker
a proporção que tem na faixa e a quantidade de som que tu pões quando tu escolhes faixa, as coisas que eu assisti a fazer, que dão este afeto que passa na música, e que montes de vezes nós sentimos, e é direto, e percebemos que é espetacular por uma razão qualquer, e de repente quando vens buscar as razões uma a uma,
00:24:01
Speaker
Lembro-me de acompanhar algumas gravações e composições de álbums e de me pedirem porque estava por ali, porque era meio a saída da Casa dos Píritos, meio intuitiva. Deu a dizer, isto faz-me lembrar não sei o quê. E era, isto falta.
00:24:21
Speaker
tipo, estás a ver se tu puseste um violino e isto agora voava. E, de repente, encontrar um sentido no som, na proporção do som, na bateria, no que tu vais escolhendo. E, de repente, quando tu lês as biografias de muitos músicos e esta tens, tu percebes o sentido mais profundo da própria organização e da composição. Este álbum é um álbum que levou voltas e voltas e voltas, trabalhadíssimo.
00:24:47
Speaker
com a banda que era, que é espetacular também, mas que acho que para ele próprio, na sua identidade, de facto é uma cherneira de procura de sentido e que acho que passa no tema. Então vamos ouvi-lo e continuamos a conversar sobre o Born to Run.
00:25:30
Speaker
E E
00:25:57
Speaker
e
00:26:17
Speaker
e
00:26:41
Speaker
Baby, I'm just a scared and lonely rider But I gotta know how it feels I wanna know
00:27:24
Speaker
Semi-fire drones Scream down the boulevard
00:28:19
Speaker
e
00:28:42
Speaker
e
00:29:40
Speaker
É a Patrícia.

Redescobrindo a música e insights pessoais

00:29:42
Speaker
Então, viste aqui o Bon to Run? vi, ouvi. Espetacular. Não, não parece nada. Eu estou com uma frase tua, Paula, dentro, que é, tudo certo, eu não queria perder, queria encontrar-me.
00:29:59
Speaker
E eu acho que é essa segurança que se encontra aqui. É possível rasgar e é nesse rasgar que a pessoa se encontra. E é fabuloso. Realmente toca a todos os lugares, como tu disseste. Eu acho que nem tinha percebido a dimensão. Porque essa sensação automática. Estava-me a lembrar de um livro lindíssimo, que eu não consigo lembrar de quem. Mas que se chama Um Senhor Muito Grande Com As Asas Enormes. Um livro para crer, supostamente. É fabuloso.
00:30:21
Speaker
E a ideia é, é um homem que está fechado num sítio, numa casa, porque é tão especial, tem umas asas, é tão especial que não fica ali guardado. Isto é simbólico e básico, mas é belíssimo. Porque às vezes alguém que o ajuda a libertar-se e percebe que ele não pode estar ali, por mais que isso lhe cause constrangimento e pena, não é? Poder libertá-lo.
00:30:41
Speaker
E sem dúvida nenhuma que está aqui esse lugar. A ideia é esta, não é? Nascer. Verdadeiramente nascer. Tens que nascer para saber que não te faz sentido a vida se não fizes este movimento nem sequer estás cá.
00:30:57
Speaker
Sim, sim, mas acho que esta música, de facto, toca nessa tecla do nascer e do renascer e do quebrar, eu acho que de uma forma, enfim, rasgada e muito adolescente nesse sentido, mas que... Mas para manter algum da vida, como tu dizes. Sim, mas que com a importância que pode ter, e mesmo o amor, e ele diz também na biografia dele que eu acho que é graça,
00:31:22
Speaker
que ele diz acertaturas na letra, eu quero saber se o amor é real. E isso é giro, porque acho que é uma frase incrível. E se tu pergulhas comigo na noite, não é? Exato, é mesmo. E no fundo é até que ponto é que tu me acompanhas e dizes que queres tentar manter
00:31:43
Speaker
contigo, ou tentar ajudar-te a manter, ou que mantenhas por os sonhos, as convicções. No fundo, é também muito esta companhia. Esta ideia de companhia. Esta ideia de companhia, da presença do outro e da importância de te sentir, enfim, acompanhado pela história dele. Percebe-se que é um homem que deprimiu, que tem um pai que deprimiu, mas ele diz coisas com muita graça na biografia, não é? Aquelas coisas giríssimas. Tipo, a resiliência dele que vem também ao manter o status quo da família.
00:32:12
Speaker
E essa possibilidade de tudo ser também fabulosa, porque mesmo dentro do armário podes não estar perdida. E esse lugar é incrível, porque é um lugar de esperança e vitalidade que nós podemos resgatar a cada momento.
00:32:29
Speaker
Porque é mesmo isso da liberdade interna. Tu podes estar dentro do armário, da sala, da cela, da guerra, do whatever. Podes deixar as portas todas mesmo sem as abrir. Exatamente. E eu gosto muito deste álbum. Eu normalmente, às vezes, aliás,
00:32:46
Speaker
Muitas vezes na vida eu acabo por citar isto, a letra e até o título, não é? Pá, nascemos para correr, não é? Porque eu acho que tem a ver também com, neste sentido, nascer para correr a luta, a luta diária de todos os dias, tentar isto, e não do ponto de vista externo, não é? Não é a luta do trabalho, a luta de vencer o dia, a luta de buscar à noite e nos entregarmos ao outro lado.
00:33:12
Speaker
esta coisa interna de todos os dias poder ser um renasceiro? Sim, do encontro também. Acho que esse renascimento interno que eu acho que o disco tem e fala e fala em vários temas, que é o sentido próprio, que eu acho que é o renascimento interno e essa liberdade interna,
00:33:35
Speaker
para além da liberdade externa, obviamente, que muitas vezes também passa por aí, não é necessidade, se calhar, maior, mas a liberdade interna faz-se dentro da caixinha, faz-se dentro do armário, com algum risco, convenhamos, mas faz-se. Mas, enfim, aquilo que eu estou a tentar dizer é que acho que um sentido próprio na liberdade interna e é esse encontro que é sempre, enfim, momentâneo, e ou, se calhar, aquilo que me faz sentido internamente, aquilo que encaixa em mim,
00:34:05
Speaker
e que me um sentido de vida no estar nas coisas, a mim e provavelmente aos pares que eu encontro, será diferente amanhã, ante esta também necessidade não de um rasgar, se calar na idade adulta, tão abrupto, mas é um rasgar contínuo de acordo com o próprio crescimento e com o conhecimento e com aquilo que vais construir no longo da vida, não é?
00:34:28
Speaker
de reconfiguração, de ressignificação, e de te reconfigurar ao longo da vida, mantendo este entusiasmo, que é este entusiasmo fulgurante nele, que é completamente agressivo.
00:34:44
Speaker
Não podia não ser que dizias também não. Não podia ser de outra maneira assim. Mas ele diz uma coisa muito agir à proposta disso, deixe-me ver que eu pus para aqui no escrito não sei onde que eu queria dizer, agora não me lembro onde é que está. Mas que é super agir, que é, ele diz a certa altura, tipo, agora não me conte, mas vou dizer o que me lembro, que é a banda, ele a certa altura diz que a banda se mantém com aquele fulgor,
00:35:06
Speaker
porque tem uma identidade própria e que não é uma estética externa, é uma filosofia interna e que ele escolhe pessoas com o coração. E que isso lhes uma identidade própria e que, para além disso, o rigor, o trabalho, a capacidade de se manter em palco com aquela perjuança, passa por em que eles querem mostrar o melhor deles
00:35:32
Speaker
para um momento melhor e querem que nós possamos, nós o público, encontrar o nosso melhor no momento melhor. É brutal. Acho que era um homem com graça que passei isto.
00:35:47
Speaker
A verdadeira essência do rock'n'roll está aí, Paula. Acho que sim. Porque ele tem isso tudo, para além de tudo aquilo, não é? Nós tínhamos o que ele chamava o Yuri Aib, que cantava o Sex and Rose in rock'n'roll, que é isto, é muito associado a isto de ser o rock'n'roll, mas estamos a falar deste rock'n'roll que é de dentro, não é? Que é o rocker que é assim porque é, porque vive a vida com entusiasmo e porque
00:36:15
Speaker
desejo a chegar sempre a qualquer sítio que o experiença e me acompanhei do outro, que é isto que eu acho que é o Bruce Springsteen, que é incrível essa expressão que tu usaste, ele escolhe as pessoas com o coração. Isso eu acho que é a diferença entre aquilo que é
00:36:32
Speaker
Que é mesmo ser rocker intrinsecamente e do ponto de vista de identidade ou então ser outra coisa, que pode ser outra coisa e também pode entregar o rock'n'roll e não qualquer problema. Mas acho que a força dele é mesmo a força daquilo que eu acho que é mesmo a essência do rock'n'roll, independentemente de tudo. Por isso sim, e é espetacular. Eu até estava aqui a pensar, por que?
00:36:54
Speaker
Esta canção, antes tu escolheste o Born to Run, outra muito espetacular que é o Thunder Road, que é uma letra lindíssima, mesmo comovente, em que ela da data altura diz também aqui, portanto, ela diz a data altura no Born to Run que quer saber se o amor é selvagem, quer saber se o amor é selvagem, se é real, não é? Com ela. Mas qualquer coisa que ele também diz no Thunder Road que é, vamos ir à noite para investigar a terra prometida.
00:37:28
Speaker
E até uma coisa que a meu ver, não sei, estamos a perder um bocadinho porque com a quantidade de sítios a fechar em Lisboa e o sítio a noite de Lisboa a mudar tanto, não é? No outro dia quando via, quando lia sobre o Feixe do Lounge
00:37:43
Speaker
e o que eles comunicavam lá, que Lisboa está a disfarçar com falsas purpurinas e com falsos dourados, esta coisa fende-se e os bares fende-se e que os sítios onde, de facto, nós crescemos com o rock, com o pop, com a eletrónica, com tudo, mas em que saíamos à noite para conversar e para dançar e não para esta coisa de...
00:38:07
Speaker
Olha, das purpurinas, ou dos dourados, ou no sentido do fancy. Tu falas nesse sentido, de coisa superficial, não é? Que é sair só, vais beber um shot, e o bar está visto, não é? Não aquele encontro de coisas comuns com uma identidade que felizmente ainda temos, mas que imensos sítios a fechar.
00:38:28
Speaker
E a perder, no fundo, essa identidade própria, uma identidade meio esbroada. E acaba por ser um bocadinho angustiante, porque eu acho que isto é que é... Eu acho que isto se sentia, não sei, eu acho que... Eu ainda sinto isto, não sei se vocês sentem, de sair à noite para ver a Terra prometida. E então, e nem sempre, quando olho nos olhos das outras pessoas, conseguem encontrar essa procura. E às vezes fica assim um bocadinho, não sei,
00:38:56
Speaker
Desesperançada. Eu percebo. Mas a propósito de ser à noite tem graça, porque alguns anos eu gosto de ser à noite, mas hoje em dia sai menos exatamente por isso, porque acho que encontro poucos sítios onde algum encontro, e eu que gosto da música, enfim. Mas eu vou cedo. Mas eu a certa altura circulava muito aqui, nestas zonas onde nós estamos, pelo bairro, vivia aqui.
00:39:22
Speaker
Às vezes não tinha companhia a passear à noite, porque era alto trabalho, eu também, mas eu deitava os miúdos e, então, tudo bem, de outro lado, crescidinhos, não sei o quê, e eu ia beber um copo e saía.
00:39:37
Speaker
Sozinha. Que é uma coisa pouco comum.

Música e formação de identidade

00:39:40
Speaker
E pouco comum mais ainda com mulheres. E eu percebia isso. E percebia que aquilo tinha alguma... Era uma perigosidade. Era quer ver que não perigo nenhum em Lisboa. Ainda hoje choveu. A menos mais. Mas nunca houve muito e continua a pesar de tudo a não haver muito.
00:39:54
Speaker
E a verdade é que eu ia, e então depois meti um subcato comigo, quando eu estava nesta liberdade interna de poder ser eu e ligada à música e poder estar ali, como me apetecer sem coisa nenhuma, rapidamente, porque ia ser uma hora toda vez para dançar, e de repente alguém se metia comigo e eu fazia assim uma cena como se tivesse acompanhada, e depois se eu ia voltar para casa era espetacular.
00:40:21
Speaker
Muito bom, muito bom. Mas sair sozinha é tão bom. É muito bom, não é? É muito bom, porque tem exatamente essa sensação. Onde eu quiser, posso fazer o que eu quiser, não é mesmo? É super simpático. Aliás, eu estava aqui a pensar que na altura que tu fugias para o caixo do Drey e tinhas que ir para casa à meia-noite, se calhar era mais perigoso, porque havia pancadaria por causa de ti, mas mesmo fora havia sempre pancadaria. Sim, sempre. Aquilo era uma calma.
00:40:50
Speaker
Aquele era de faca, eu adoro completamente. E eu sempre via sumo de laranja. E eu via sumo de laranja, era muito aquilino. Eu via sumo de laranja, mas fugia para o jabac, era espetacular.
00:41:04
Speaker
Muito bem. Vamos ouvir outra? Vamos. Então é assim, eu vou pôr a minha favorita do disco. Quer dizer, uma das minhas favoritas e vamos conversar sobre ela, que é o She's the One. Ah, espetacular.
00:41:32
Speaker
With her killer graces and her secret places that no one can see With her hands on her hips, oh, and that smile on her lips Because she knows that it kills me With her sad face, cream standing in that doorway like a dream I wish she'd just leave me alone
00:42:04
Speaker
Neathor's French prison won't stop When them loose and French kisses Will not break that heart of stone With her long hair falling And her eyes that shine like a midnight sun Oh, she's the one She's the one
00:42:59
Speaker
Você vai ver o que eu faço até que o destino se desista E tudo o que você quer fazer é acreditar nela E hoje à noite você vai tentar uma vez mais De deixar tudo por trás de você e não se desistir Ela pode tomar você, mas se ela não se desistir Você vai me encontrar
00:45:51
Speaker
Então, o que é que vocês acham desta espetacular? Queremos saber porque é que tu a escolheste. She's the one. Não, não tem a ver com isto, que essencialmente foi uma escolha, porque eu gosto de todas, mas é o ritmo que é espetacular. Esta coisa desta introdução e depois a explosão de ritmo drutado.
00:46:13
Speaker
É por isso que eu acho que mostra bem o entusiasmo dele e o desejo. E o facto de aqui ser uma questão de desejo entre homem e mulher. Aqui é a cena do desejo entre homem e mulher. Mas podemos alargar isto ao desejo na vida. Acho que é uma coisa que está muito em vias de extinção também, assim como o amor à chuva.
00:46:35
Speaker
Mas é o meu lado pessimista, sendo que eu depois tenho outro... Ela está um bocadinho pessimista, mas é hoje, não liguem. Hoje está... Normalmente não é assim, é hoje que ela está um bocadinho pessimista. É um bocadinho dar sinal daquilo que eu acho que se confunde hoje em dia muito isto, não é? Acho que o desejo...

Desejo genuíno e produção musical

00:47:00
Speaker
É uma coisa que, de facto, é sentida a dois, é sentida em relação, seja com o que for, pode ser em relação com um livro, com uma coisa, com um trabalho, não é? Mas é uma coisa que é de uma profundidade, que não é a mesma coisa que a adrenalina, por exemplo. Claro, não é uma sensação, não é? Não é uma sensação. E eu acho que o Bruce Springsteen tem isso, e é por isso que isto nos toca nas bichas.
00:47:25
Speaker
e que nos transborda para todos os lugares internos e não é uma coisa de ouvir agora e está. E com esta canção, além de mostrar esse desejo altamente profundo, ele vai à luta, que é uma coisa incrível.
00:47:43
Speaker
Ele admira, neste caso, admira uma determinada pessoa e ela é apresentada quase como uma dificuldade, porque é quase como se ele tivesse um receio de ir ou uma cautela, mas vai, porque aquilo é o que ele quer. Portanto, é esta coisa de ir à luta pelo que se quer e de viver esse desejo e de tentar chegar a essa meta sem ser na base da adrenalina.
00:48:08
Speaker
Pois está muito para além da necessidade, não é? Está muito para além da necessidade, não é? Em que, de repente, enfim, a necessidade em que tu elaboras e concretizas e te ligas ao objeto ou o que for. E desejas profundamente e lutas puro, não é? E vais à luta puro. É incrível este tema, é um espetacular, tem um grande saco-se. E, pronto, eles sabem, eles sabem, meninas, este senhor sabe fazer disto.
00:48:36
Speaker
Porque eu estava a pensar naquilo que tu estabas a dizer e estava a pensar assim, isto era tudo feito analogicamente. Havia uma coisinhas cortadas à mão e coladas e a quantidade de pistas para gravar estes instrumentos todos. A quantidade de horas, enfim, dava para montar este disco. É mesmo assim uma coisa espetacular.
00:48:55
Speaker
que eu acho que quem faz agora pensa como é que os tipos faziam isto, porque é de loucos, não é? E as fitas, e cortar fitas, e colar coisas, e as pistas todas, e montar isto tudo, e acho que é mesmo incrível e é de uma dedicação espetacular. E tu ainda à bocado estávais a dizer uma coisa, Paula, que disseste em off,
00:49:16
Speaker
e que eu agora te vou obrigar a dizer. Vamos a ver. Não, que tem a ver com isto, da sensação que este disco... Olha, e aqui sim uma sensação, porque é uma forma de... de expressarmos aquilo que estamos a sentir num momento que tu retavas a falar. O que ele conseguia fazer ao mesmo tempo. Sim, eu estava a dizer uma coisa que acho que é gíria e que eu consigo dizer, acho eu, porque aprendi com algumas músicas que me mostraram isso. Eu adoro baixo.
00:49:46
Speaker
Gosto imenso, eu acho que é um instrumento, eu não toco nada, zero. Mas se eu tocasse alguma coisa adorava tocar baixo. Porque eu acho que o baixo te agarra ao chão, e se calhar porque eu, enfim, vou com alguma facilidade se calhar por aí. Mas o baixo é um instrumento brutal e eu acho que este disco, e se calhar alguém que perceba o suficiente e muito mais do que eu, e que analise peça por peça e as coisas. E o Brúcio vai falar-me disso também na biografia dele, pelo menos em relação a alguns temas.
00:50:15
Speaker
a introdução de alguns instrumentos-te feelings e sensações que em muitos deles são uma procura interna do próprio, que é eu preciso que isto faça, passe isto, passe esta ligação, esta profundidade, este dramatismo, o que for, no fundo que é a intenção do próprio. E de repente tens coisas que te prendem ao chão e outras que te fazem voar.
00:50:40
Speaker
E o Born to Run, para mim, tem isso. É uma música que está completamente colada ao chão. Mas ao mesmo tempo que te faz voar, a mim-me imensa vontade efetivamente de correr ao som deste tema. Acho que é daqueles que tu sabes que és capaz de imaginar a cadência de uma corrida. Uma outra cadinha, a mania de correr não tem, que é bom.
00:50:59
Speaker
o momento ao correr. E aquilo é uma cadência que tu vais criando e que vais andando nos teus pensamentos e ao mesmo tempo parece que as tuas pernas a certa altura não têm, não como parar. E acho que este tema tem isso um colar ao chão e uma capacidade de voar. Este não é o que tu escolheste, mas o que eu escolhi. Mas acho que o álbum todo tem. É uma coisa que é do álbum, não é? Acho que é. É mesmo para mim também uma coisa
00:51:26
Speaker
Eu tenho coisas muito giras, porque, por exemplo, a certa altura, não sei qual é o tema que eu estava a ler, mas tipo que tem uma data de metais ou qualquer, não sei qual é o tema, e que eles foram buscar uma série de crominhos que conseguiram pôr a pôr metais, que é este, acho que é qual é que é, tem graça de saber, mas é o segundo tema, acho que eu não sei, e que é... qual é que é?
00:51:54
Speaker
É o 10th Harmony, Freeze Out, que é o segundo tema. E aquilo é tipo uma celebração no fundo da banda, da própria banda deles, e da criação da banda. E os gajos vão buscar os metais para dar aquela sensação da malta do bairro, que toca ali, e conseguem meter uns metais brutais a tocar. E que, de repente, tens mesmo, e tu quando ouves isto,
00:52:19
Speaker
e vais à procura dos metais. Tu percebes, que é como ver... Eu acho ao vivo, não é? Quando tu vais ver música ao vivo, é que tu vês tudo a tocar e, de repente, aquilo tudo faz sentido e tu encontras montes de sentidos que, às vezes, quando ouves só, é mais difícil de perceber, porque é muito difícil conseguir isolar cada som e cada coisa. É preciso ter uma vidácia que eu não tenho. Minha maioria das pessoas não tem, mas este álbum, acho que na essência tem isso, que tu estávamos a comentar em off, que é o colar ao chão onde as coisas irem voar.
00:52:49
Speaker
Sim, sim, sim. Até mesmo o discurso do Bruce Springsteen, não é? É um homem de compromisso, é um homem que se compromete, é um homem de responsabilidade, que assume a responsabilidade e, portanto, o próprio discurso dele.

Autenticidade e responsabilidade criativa de Bruce Springsteen

00:53:02
Speaker
Quer dizer, tu olhas para ele e vejas que ele te escola completamente desde sempre. Ele tinha 26 anos quando fez isso.
00:53:08
Speaker
Ele tinha 26 ou 27 anos. Quando fez isto, quer dizer, ele descola completamente, mas sempre com um compromisso com o outro e sempre com os pés no chão, que é inacreditável. Não era uma ilusão de escolar. Não havia bolho, era uma ilusão. Ele diz uma coisa gira, não sei se te lembras, mas que eu comecei a ver, por causa da nossa conversa, o produtor dele, que é o Jordan Landau.
00:53:31
Speaker
que ele conhece e agir a maneira como ele conta que o conhece e que eu acho que nem a ver conosco, com a nossa área, com o nosso trabalho. E aqui ele diz que fica uma amizade profunda e depois até refere que eu não conhecia ninguém que alguma vez na vida tivesse sido um psiquiatra, que isso nem sequer havia no lésbico da cidade. Ele era tudo doente e estava tudo bem assim. Diz que não havia questão. Ou havia muitas, mas enfim, não eram tratadas. E ele introduz o Bruce em uma série de outras coisas,
00:54:01
Speaker
mas quando ele o encontra pela primeira vez, em que ele escreve, ele é quem escreve a crítica do segundo álbum dele anterior a este, e eles cruzam pela primeira vez e o outro pergunta-lhe o que é que achas, o que é que achas? E ele diz que se larga uma amizade e uma dimensão de profundidade baseada na frase, que é uma coisa gira, que no fundo é o que estamos a fazer esteris aqui, não é? O que estamos fazendo quando nos encontramos, que é o que é que tu achas?
00:54:25
Speaker
E de repente o interesse que tu tens por perceber do outro, e o que isso liga, e o que isso te liga, é muito agido. Não é para casa que um rapazinho faz isto? Claro, claro. Tu sabes que ia falar também nos concertos ao vivo? Eu também ouvia algumas vezes ao vivo. E lembro-me de um pormenor que nunca mais me vou esquecer.
00:54:46
Speaker
porque tivem muitos outros concertos e sei como é que as pessoas que estão no palco tratam. Ele foi buscar uma criança para o palco, um bebê, mas um bebê de dois anos. Não sei se este foi ali no Rock in Rio, vi-os noutros sítios, mas ele resolve ir buscar, ele vai, anda no meio das pessoas e de repente alguém está com um bebê, mas um bebê de dois anos, ao colo, e ele vai buscar a criança e leva a criança para o palco, e está com a criança em cima do palco e aquilo pronto, e ele todo contente a dançar com a criança e não sei o que, e ele poderia ter feito isso.
00:55:16
Speaker
ele poderia ter entregue a criança a um segurança e o segurança entregava a criança ao pai, se ele fez questão, isto foi assim uma coisa, ele sai de cima do palco com a criança para ir entregar, depois de ter cantado o que tinha cantado, sai de cima do palco e vai entregar a criança em mãos à mãe. Pai, eu pensei,
00:55:36
Speaker
Ele decidiu fazer isto. Não podia ter entrega a um segurança e o segurança estava ali e a mãe estava ali. Ele podia ter passado a criança, mas não. Ele desceu o palco e foi levar o bebê às mãos da mãe. Eu achei aquilo incrível e mais incrível ainda foi ele tentar subir ao palco e seguir com um salto e dizer me pesa o rabo e não consigo. Ele ficou pendurado no palco, ele não conseguia. As seguranças tiveram que lhe ajudar a empurrar porque ele tentou saltar, a fazer assim um salto.
00:56:01
Speaker
Mas não. E não. E não funcionou bem, porque ele estaria com 70, não sei, na altura que vi isto. E de facto ele é muito atento à relação e ao outro, embora ele diga que a mulher dele, a Patrícia, que tem o nome aqui da nossa querida amiga, colega... Não é ela, mas pronto. Não é ela, mas podia ser, não é? Que a Patrícia passou os passinhos do Algarve
00:56:26
Speaker
Embora seja um homem que tem esta capacidade de reflexão e que tem esta vida, o próprio homem também é difícil. Ele conta com graça. Ele tinha limites e também não é sem mais.
00:56:44
Speaker
que ele tem este imperativo de ir mais longe e os outros álbuns dele e os álbuns quase todos. Enfim, tem tudo muito isto nesta vitalidade quase disruptiva, num limite. E ele diz que não tinha limites nenhum, porque a avó, ele estabelecia limites nenhum e o pai acho que era profundamente deprimido e a mãe subjugou-se um bocado àquilo. E ele nunca teve limites e sempre foi um bocado estigmatizado até na infância a volta disso.
00:57:09
Speaker
E eu acho que depois transpira ao longo da vida dele a procura, enfim, dos limites provavelmente mais internos, com este romper externo para ir mais longe e melhores. Eu acho que ele procura mesmo ir para mais e melhores. E acho que depois, claro, este mundo do rock'n'roll, e para quem o conhece vagamente, é o chamado mundo louco do rock'n'roll. Portanto, assim, esta é uma predição. Toca muito. Toca muito tudo. Toca todos os limites. De repente é difícil quase jogar ao meio campo.
00:57:39
Speaker
Eu acho que ele procura muito e eu acho que é graça também escolher o tema que escolhi, porque é um tema de meio campo.
00:57:47
Speaker
É um tema que faz ali a chardonnayra no disco, entre o dia e a noite, entre a promessa, estás a ver, do primeiro tema em que ela quase resgata para esta aventura, que cedia-se na possibilidade da aventura e depois começa a confrontar-se com a aventura em si. E o que é que isto representa? E os medos? Será que o amor é real? E o que é que de vem? E agora como é que vai ser isto?
00:58:13
Speaker
E eu acho que este tema ele pôs no meio do disco, por isso, é giro. E é também um disco que marca o meio de uma fase da vida dele. Acho que é um disco que também tem um significado, provavelmente, particular por isso. E deste disco, a Patrícia escolheu o Meeting Across the River. Não podia encaixar melhor eu. Por isso, vamos ouvi-lo.
00:59:05
Speaker
Hey Eddie, can you lend me a few bucks? Tonight, can you get us a ride?
00:59:14
Speaker
Gotta make it through the tunnel Gotta meetin' with a man on the other side And any of this guy, he's the real thing So if you wanna come along You gotta promise you won't say anything Cause this guy don't dance And the words been passed since our last chance
00:59:52
Speaker
We gotta stay cool tonight, Eddie Cause man, we got ourselves out on that line And if we blow this one They ain't gonna be looking for just me this time And all we gotta do is hold up our end Put your stuffness in your pocket It'll look like you're carrying a friend
01:00:22
Speaker
E lembre-se, não sorrisse, troque a roupa, porque hoje a gente ficou parado.
01:00:46
Speaker
But Cherry says she's gonna walk Cause she found I took the radio and honked it But any man she don't understand That two grand's practically sitting here in my pocket Tonight's gonna be everything that I said And when I walk through that door I'm just gonna throw that money on the bed
01:01:16
Speaker
She'll say this time I wasn't just talking And I'm gonna go out walking
01:01:51
Speaker
É triste. É, não.
01:01:56
Speaker
Não sei se é a minha favorita, mas eu gosto muito dela, como gosto muito das outras todas. Mas é o próprio título, Meeting the Croster Raper. Esta possibilidade, que é o que eu sinto nessa música, a esse estar acompanhado, quem é que não quer mergulhar no rio com alguém que está jogando o seu puto? Acho que aqui uma coisa fantástica, que eu acho que tu, Paula, tens referido ao longo de isto tudo, que uma manutenção de identidade que é possível na relação com o outro.
01:02:23
Speaker
um lado a lado, mas não uma fusão, ou seja, não alguém que mergulha e que se dilui conosco ou que nos obriga a uma determinada passagem. alguém que está conosco lado a lado e que faz essa passagem. Também tocam profundamente essa parte, desta ideia de mergulho conjunto, para poderes caminhar nesse tal born to run, se fizeres esse circuito desse rio que corre livre.
01:02:43
Speaker
É que se consegue fazer isto. Agora, eu acho também fabuloso o resto. Isto tem assim o meu primeiro impacto. Sempre tenho tendência para ir depois num álbum buscar a música que me liga, se calhar, a animais à terra. Estava a pensar nisso, tu e cesta.
01:02:59
Speaker
Porque, por se eu diga, não sei se é a favorita, mas é como a resgata de um lugar qualquer que talvez tenha, que talvez eu tema também. E, portanto, sim, se for peste. Este tema, eu também adoro o tema, é super bonito, também gostas, não é? Gostas de todos. Mas eu não sei, mas para se queria pensar, quando estava a ouvir e estava a ver umas coisas sobre o álbum. E fiquei na dúvida, porque claro que é um tema que aborda esta tensão, não é?
01:03:27
Speaker
Em certeza do encontro e a necessidade, em certeza do encontro, de encontro no encontro, vai resultar, não vai resultar. Será que nos vai salvar, não nos vai salvar o que está do lado do rio, o valor simbólico pode ter. Mas depois eu fiquei a pensar, porque nesta altura, ele conhece o... Eu acho que é prévio, mas eu acho que ele conhece o tal John Landau, que eu acho que é o gajo que o resgata.
01:03:58
Speaker
de alguma maneira, o homem que o resgata, para uma nova reposição e um novo estar interno, porque eu acho que ele estava super deprimido. E então, eu não sei até que ponto é que, provavelmente não, porque esse cara tinha escrito isto antes, não sei, porque anda tudo aqui muito na mesma altura, até que ponto é que este não é um encontro também de alguém que no fundo lhe vai ajudar a dar um novo sentido, porque eu acho que a banda e ele próprio estava muito perdido num sentido
01:04:26
Speaker
interno mais diluído, um bocado prescívio e tal. E pronto, não sei. E os de vinte e tal anos ou trinta de psicanálise, que este homem... Sim, sim. Não podemos esquecer isto. Ele chamava muitos anos a virar francos. Muitos anos. E ele existiu à morte do analista. O analista morreu. Ele ficou sem analista, mas antes disso... Eu não sei precisar, mas foi vinte e tal anos. Acho que sim. Vinte e tal ou trinta. Ele teve muitos, muitos anos de psicanálise.
01:04:58
Speaker
também se em todo o lado, não neste disco, que eu acho que nesta altura ele não fazia, mas a capacidade, a reflexão dele, a escrita dele, tudo. Transpira. Nesta parte em que ele diz, fomos até ao filme, fomos até à linha, mesmo com medo, fomos até aqui, agora aguentamos conhecer este lugar ou o que é que fazemos com este lugar? Isso mesmo.
01:05:18
Speaker
E uma coisa gira neste álbum, não sei se posso dizer ainda? Claro! Acho que, se calhar, estávamos aqui, tinha que acabar. Mas uma coisa gira neste álbum que eu também me apercebi, que ele também diz, sobre ele, porque li e acho que é super curioso.
01:05:36
Speaker
A propósito dele ser um homem muito analisado, e nós somos analistas e estamos a procurar também deste valor e do que isto representa para nós e que pode representar simbolicamente e para além do que simbolicamente para o mundo, mas ele diz uma coisa gira que é.
01:05:54
Speaker
que duvida durante imenso tempo se lança o disco, porque a turnê deste disco começa antes do lançamento do álbum, e ele está desesperado completamente, porque eu ouvi assistir imensos músicos em que isto acontece, como as vezes começaram, pelo menos eu na manhã.
01:06:11
Speaker
moleste a participação, que é quase nenhuma, mas escreve uma coisa e, de repente, eu estava a sério, tipo, é impossível, nunca mais quero ler isto na minha vida. Tipo, não suportas a certa altura o ver algumas coisas e depois que um tempo depois até que o cegos tira um anel diferente. E ele tinha uma insuportabilidade em relação ao disco, porque via tudo o que estava mal, e vezes os gostos, os defeitos todos, etc.
01:06:33
Speaker
E ele diz uma coisa gira que é que uma data de falhas no disco que ele não suporta e portanto não sabe se pode lançar e depois o obrigam a lançar. E ele diz que as falhas do disco é um som bombástico de grande rock, portanto que ele acha que é quase excessivo, não é? É que portanto não tem subtileza. Com uma coisa que esta coisa é espetacular, de grande rock, com a cantoria estilo Pavarotti de Jersey,
01:07:03
Speaker
com Roy Orbison, ela é linda. E ele, coitado, estás a ver o sentimento dele, tipo, a sério, eu não posso lançar isto. E depois ele diz uma frase que eu acho que eu adorei, e acho que pronto, para nós, no nosso trabalho e, enfim, no nosso olhar, se calhar, sobre a vida, e eu sei que partilhamos isso, que ele diz qualquer coisa que faz algo grandioso, também pode ser uma das suas fraquezas.
01:07:30
Speaker
E é super bonito, não é? É muito bonito. Sempre o duplo sentido, não é? É a fadurabilidade de todo o seu potência. Muito bem. Querem dizer mais alguma coisa? Obrigada. Vamos terminar.
01:07:44
Speaker
Eu estou muito contente de estar aqui. Agradeço imenso o convite. Não quer dizer mais nada. Depois continuamos a conversar quando desligaram o microfone. Vamos continuar a vida doce. Muito bem. Paula, muito obrigada por ter estado aqui conosco. Foi quase um prazer, como dizia o João Paulo.
01:08:01
Speaker
Patrícia, muito obrigada, mas, acima de tudo, quero agradecer à Casa do Comum, principalmente ao Miguel Ribeiro, à Ana Moura e ao César Rodrigues por nos terem acolhido aqui. Nesta sala nós estamos na livraria, mas também vos quero dizer, e eu creio que a Paula o conhecia, não tenho a certeza, que fico muito contente por estar aqui hoje, porque acho que o José Pinho ia ficar muito contente se nos visse, se entrasse para aquela porta.
01:08:26
Speaker
E acho que estou mesmo muito contente, principalmente, por termos feito o Bruce Springsteen aqui. E espero que voltaremos a estar numa próxima que vamos, sei que vamos, vamos continuar. E, portanto, Carolina, muito obrigada. Agradecer à Climepsy por este material que nos empresta para realizarmos o podcast.
01:08:48
Speaker
São a canção do nosso single, Joana Bernardo voz ao nosso single. O nosso próximo podcast vai ser gravado num outro sítio, vai ser dia 10 de outubro, dia da saúde mental. Vai ser gravado no Ispa e a nossa convidada vai ser a Isabel Leal, a professora Isabel Leal, portanto quem quiser dirigir-se ao Ispa para ver e assistir esta gravação está convidado.
01:09:10
Speaker
Eu sou a Ana Teresa Sanganha e vudei-vos com uma frase do Bruce, que é esta. Arranjem um grande riff e estarão logo no caminho certo. Até à próxima. Obrigada. Obrigada.