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A Verdade Sobre As Dietas (Spoiler: Não funcionam) - Parte 1 image

A Verdade Sobre As Dietas (Spoiler: Não funcionam) - Parte 1

S1 E9 · Ela por Ela
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63 Plays10 months ago

Hoje vamos falar de dietas e o impacto nas mulheres, e entender as nossas experiências e a história por detrás da cultura da dieta.

👇 Índice

00:00:00 - Introdução

00:01:15 - Porquê este tema

00:04:30 - Cultura das Dietas

00:05:35 - As nossas experiências

00:12:21 - Associar o fracasso da dieta a quem faz a dieta

00:14:00 - Se o teu corpo for diferente do padrão, não és saudável

00:17:22 - Efeitos mentais das dietas

00:24:44 - Mudança de perspetiva sobre a alimentação

00:29:33 - O que é a cultura da dieta?

00:43:52 - Mas a ciência prova que blah blah blah…

00:53:34 - Conclusão

💡 Inspirações e recomendações referidas por ordem de menção:

Anti-Diet: Reclaim Your Time, Money, Well-Being, and Happiness Through Intuitive Eating Hardcover, Christy Harrison MPH RD - https://www.goodreads.com/book/show/45730892-anti-diet

Jessie Inchauspé Instagram - https://www.instagram.com/glucosegoddess/

Jessie Inchauspé no I Weigh with Jameela Jamil - https://www.youtube.com/watch?v=SQPENchzu6s

Jessie Inchauspé no Diary of a CEO - https://www.youtube.com/watch?v=DnEJrgc1BCk&t=698s

Glucose Revolution - https://www.goodreads.com/book/show/58438618-glucose-revolution

The Glucose Method - https://www.goodreads.com/book/show/62919439-the-glucose-goddess-method

Roxane Gay - Bad Feminist - https://www.goodreads.com/book/show/18813642-bad-feminist

Roxane Gay - What Fullness Is On getting weight reduction surgery - https://gay.medium.com/the-body-that-understands-what-fullness-is-f2e40c40cd75

Health At Every Size The Surprising Truth About Your Weight, Lindo Bacon - https://www.goodreads.com/book/show/4937206-health-at-every-size

🧐Onde nos podes encontrar:

https://www.instagram.com/elaporelapod/

👋Tens ideias para temas? Gostavas de vir falar connosco?

Envia-nos uma DM no Instagram @elaporelapod

Transcript

Introdução e feedback dos ouvintes

00:00:00
Speaker
Olá, eu sou a André Balacó e sou uma dietólica em recuperação. E eu sou a André Candide Saraiva e sempre fui avaliada pelo meu corpo. Bem-vindos ao Ela por Ela, onde a conversa é sempre entre amigas.
00:00:26
Speaker
Olá Malta, bem-vindos outra vez ao Ela por Ela. Espero que estejam todos bem. Dizer-vos que recebemos alguns feedbacks que nos deixaram extremamente felizes a semana passada, a semana passada, sim, ultimamente.
00:00:41
Speaker
Fiquemos muito contentes por vos motivar a perseguirem o vosso bem-estar a todos os níveis. E, portanto, esse é o maior elogio. A melhor coisa que nos podiam dizer é que estão vos estamos a motivar nesse sentido. Espero que continuem a achar interessantes estas conversas que nós temos e úteis. Tenho que fazer um disclaimer. Que esta semana este episódio é-me particularmente caro, porque...
00:01:08
Speaker
Este é um tema que quando falo dele...
00:01:13
Speaker
Isto mexe com as minhas estruturas.

Impacto das dietas e gordofobia nas mulheres

00:01:15
Speaker
Isto parece uma coisa super futil, mas não é, porque eu acho que as dietas e esta gordofobia, este estigma da estética e da beleza é uma coisa que está muito enraizada, principalmente em nós mulheres, porque sofremos uma pressão imensa desde sempre, porque somos educadas assim, porque é uma das primeiras coisas que nós aprendemos quando somos
00:01:38
Speaker
crianças e então mexe comigo de uma maneira que eu tenho que me controlar para não exaltar. Porque é um tema que eu, por ser o... eu não vou dizer uma vítima, mas por ser alguém que diretamente passou por isto muitas vezes e refletiu muito sobre o assunto e investiguei muito sobre o assunto, é uma coisa que mexe comigo. O nosso objetivo com este episódio é ajudar-vos a compreender um bocadinho melhor a vossa luta com a comida e com as dietas.
00:02:08
Speaker
Eu avanço que não é nenhum dado científico, mas tenho a certeza, pelo menos metade, e estou a dizer por baixo, metade do vosso grupo de amigas fez pelo menos uma dieta. E estou a fazer muito por baixo. A maioria das mulheres fez várias dietas a vida toda. tivem conversas com amigas minhas que me diziam que sabiam que isto ia ser uma constante da vida delas, a luta contra o peso.
00:02:36
Speaker
mas não te querendo interromper, mas fazendo aqui uma pergunta. E isto porque eu como fui criada tipo numa geração um bocadinho mais velha, né? Eu tenho muito aquela sensação de que isso começou a surgir tipo nas gerações um bocado mais para a frente. Acho que nem tanto nem da minha avó nem da minha mãe, porque pelo menos nem tanto da minha avó nem a minha mãe tocavam muito neste tema, mas eram gerações que criticavam muito a nossa imagem. Ou seja, eu, por exemplo, cresci ao longo do tempo com tios e avós e não sei o que tipo, com aquela coisa do... pôs, sobes um quilinho e estás a ficar resumxudita.
00:03:06
Speaker
tal, qualquer coisa. Mas eles nunca foram fazer esse tipo de regra, tipo de se regrarem, de cortarem determinadas coisas, ou seja, nunca fizeram esse ponto, mas acho que instigaram a geração a seguir tipo, acho eu, as gerações a seguir tipo, a olhar muito mais para isto, pelo menos parece-me, acho que é a minha percepção, não sei se é a tua.
00:03:26
Speaker
Acho que varia muito de pessoa para pessoa. Acho que nós em Portugal tivemos muito aquela questão histórica de as pessoas passaram fome. Como tal como passaram fome, isso ainda está muito presente e impacta muito esta questão da dieta ou não e da gordura ser formesura e do estás mais gordinha estás boa, não é?
00:03:45
Speaker
o que eu acho que as nossas gerações a seguir foi que houve uma série de outros meios que ainda nos pressionavam mais a nível externo, que fizeram

Contexto cultural das dietas

00:03:55
Speaker
com que nós ainda sentíssemos mais essa pressão. E no fundo o que eu vos vou trazer aqui hoje, e a Andrea vai ajudar-me a conversar sobre isto, é
00:03:55
Speaker
Tipo...
00:04:06
Speaker
explicar-vos que a vossa luta com a comida e com as dietas e com a manutenção do peso faz parte de um contexto cultural muito mais amplo. Existem muitas mais facetas desta cultura da dieta que se calhar vocês nunca ponderaram ou nunca tiveram conhecimento e que eu acho que é importante para tomarem decisões daqui para diante.
00:04:28
Speaker
e para recuperarem a vossa vida. Eu vou-me basear muito no livro que é o Anti-Diet, o título em inglês é Anti-Diet, Reclaim Your Time, Money, Well-being and Happiness Through Intuitive Eating, e é da Christy Harrison e ela fez um excelente trabalho a identificar a cultura das dietas e o que ela chama de
00:04:51
Speaker
Livestiff, que são no fundo as dietas e é um bocadinho esse reconhecimento que eu quero que vocês... é esse ponto que eu gostava que vocês refletissem. Até que ponto é que esta luta constante com o peso, e era aquilo que eu estava a dizer, eu tenho amigas minhas que dizem ano vezes, eu sei que vou lutar com isto a vida toda, eu sei que isto vai ser um tema a vida toda. Até que ponto é que isto está a afetar a vossa vida e até que ponto isto vos roubou muita coisa.
00:05:18
Speaker
importante, ou vos impede de concentrarem em coisas mais importantes. Esta vai ser a premissa para este episódio.

Experiências pessoais com dietas

00:05:26
Speaker
Posto isto, começo a perguntar, a mandar a bola para o lado lá, Andrea. fizeste dietas, qual é que é a tua experiência com este tema?
00:05:35
Speaker
Obviamente que sim, nem sequer eu preciso fazer essa pergunta. A minha primeira dieta foi a dieta dos 31 dias, que acho que toda a gente reconhece, da Agatha Roquete. Cheguei a ter momentos em que, como ditos fãs, chegámos a almoçar com ela, juntávamos-nos num grupo do Facebook na altura, graças a Deus eu não estou no Facebook por alguma razão,
00:06:00
Speaker
Mas chegámos a fazer almoços com ela e depois do primeiro livro cheguei a comprar os restantes e fiz durante um ano um ano e picos e perdi 15 quilos que depois facilmente voltaram no ano seguinte quando a minha relutância em me manter tipo em restrição de hidratos de carbono foi um bocado ao ar e eu acho que
00:06:22
Speaker
sempre fui-me ter-ne na minha cabeça que era tipo por imaturidade ou porque acabava por ceder tipo às necessidades que tinha dos cravings por causa das minhas hormonas e não sei quê. Porque não tinhas autocontrolo, provavelmente. Exato. A culpabilização automática para o meu lado era sempre feita.
00:06:43
Speaker
E depois disso, eu também, como fazia, praticava sempre muito esporto, houve sempre uma altura inicial em que isso não era tema e depois quando começa a ficar um pouco mais sedentária por várias questões de saúde, comecei a achar que a culpabilização é sempre a minha. Fui eu que parei, fui eu que deixei de praticar esporto, fui eu que deixei de comer como deve ser e, portanto,
00:07:06
Speaker
nunca pensei nas questões por aí. Depois quando comecei a ir aos médicos para identificar quais eram os problemas de saúde que tinha. Exatamente aquilo que eu dizia no início que é o ser avaliada pelo meu corpo aconteceu sempre. Eu tive muitas pessoas que nunca quiseram diagnosticar a endometriose e o diagnóstico acho que foi atrasado muito por causa disso. As pessoas diziam, ah fecha a boca, ah não...
00:07:26
Speaker
Isso é do peso, não é especificamente nada que você tenha hormonal, ou seja, não havia nunca uma razão específica, era tudo da minha cabeça ou então era de uma questão de eu não saber comer, de eu não saber estar e de eu não saber gerir esta minha relação com a comida e regerir o meu peso.
00:07:43
Speaker
Voltei a fazer outras dietas. Estive, por exemplo, da Anani Ribeiro, também li um dos livros dela também sobre outros tipos de dieta, porque elas são várias e nós temos uma panóplia por onde escolher. E depois estive com uma naturopata e a minha naturopata também fez, basicamente, a retirada de hidratos e deu-me um conjunto
00:08:03
Speaker
de produtos naturais para ajudar com a celulite, com várias coisas associadas. Também voltei a perder uns 15, 17 quilos e estagnou e chegou uma parte em que a comida parecia não fazer efeito. Ou seja, mesmo eu tendo persistido com as regras e com as coisas todas e etc.
00:08:23
Speaker
chegava sempre a um terminado ponto que parecia que o meu corpo dizia tipo não é por aqui mesmo por aqui eu não vou perder peso e pronto e depois voltei um bocadinho a recuperar peso e depois quando fui diagnosticada acabei por associar e pesquisar por conta própria
00:08:42
Speaker
as questões todas das hormonas e tudo que estava associado às minhas doenças e percebi que as minhas doenças são inflamatórias e que tenho também resistência à insulina e, portanto, todas estas componentes começaram a fazer-me olhar para outras coisas e o último livro que eu li foi o da Jessy Inschwepe em que ela fala sobre a revolução da glicose e que é uma coisa muito específica para mim mas que teve resultado e não é uma dieta. É basicamente uma reeducação alimentar e um conjunto de dicas
00:09:11
Speaker
que te podem ajudar a controlar o teu nível de glicose, os teus piques de glicose e tendo isso controlado, deixei de ter sintomas de endometriose, deixei de ter várias coisas que agora, por exemplo, até tenho uma certa noção de que quando faço estas asneiras e agora ultimamente não tenho conseguido
00:09:29
Speaker
por causa dos dias loucos que tenho levado, não tenho conseguido controlar muito bem a minha alimentação e estou outra vez a ficar desregulada e então sei que venho dali e então estou outra vez a olhar para as minhas coisas e assim, o que é que estás a fazer de errado na tua alimentação? Como é que tu podes gerir isto de uma melhor maneira para conseguir controlar os teus picos de glicose e tenho um caminho para levar mas
00:09:51
Speaker
mas basicamente foi uma reeducação alimentar da minha parte de eu saber o que é que é efetivamente bom ou não para mim e hoje em dia tipo por exemplo agora me é natural eu agarro tipo por exemplo no meu dia isso assim ok aqui fizeste esta asneira aqui fizeste esta aqui fizeste esta como é que tu podes compensar isto de outra maneira ou fazer de outra forma ou usar as dicas da Jessie para resolver mas sim também vivi muito tempo
00:10:14
Speaker
da minha vida, tipo, a achar que as dietas eram a solução e a achar que eu era tipo uma pessoa com um excesso de peso porque eu queria. E não foi fácil de todo, nem é fácil com as roupas e isso também é uma das coisas que a gente tem falado sobre isso. Às vezes, tipo, olhar para os tamanhos das roupas que a gente vai comprar e etc, tipo, e perceber que muito vem da
00:10:35
Speaker
das marcas e das empresas que fazem estas coisas e que os tamanhos são tamanhos. Mas é difícil, mesmo assim quando a gente vai renovar o nosso armário e olhar para as coisas e pensar assim, eu não tenho o corpo ideal para estas coisas. Eu não tenho o corpo padrão. Exato.
00:10:51
Speaker
Dizer algumas coisas sobre o que tu disseste, que eu acho que são importantes. A dieta dos 31 dias, que eu também fiz e também tive resultados incríveis da draga Tarroquete, é no fundo uma adaptação quase da dieta de Atkins, mas um bocadinho mais saudável e a poder-se comer pão.
00:11:08
Speaker
Portanto, são dietas que diabolizam por completo os hidratos de carbono, as quais, efetivamente, permitem um perder de peso muito rapidamente, mas que são muito difíceis de manter porque os hidratos, mais dia menos dia, a pessoa começa a serem sustentável.
00:11:27
Speaker
Porque tu precisas de estas coisas todas, tu precisas dos hidratos e tu precisas de tudo. Porque tu precisas de tudo, tudo o que seja restritivo e esse é um dos meus problemas com a dieta. Mas sim, esse é um, para quem não conhece, é uma dieta, vocês vão ver resultados com toda a certeza, até que vão fazer a dieta uma segunda e uma terceira vez e cada vez vão vendo menos resultados e eu mais adianta vou explicar porquê.
00:11:52
Speaker
Mas agora, agora disclaimer e spoiler alert, com o wasmpeak é a mesma coisa, senhores, portanto. É por isso que eu digo, eu vou avistar. Se vocês aguentarem até, não digo o final, mas se vocês continuarem a ouvir, eu vou explicar a razão científica pelo qual isto torna a acontecer. Existem duas, eu vou falar disso mais adiante. Outra coisa muito clássica da cultura das dietas é associar o fracasso da dieta a quem faz a dieta.
00:12:21
Speaker
por falta de força moral, falta de vontade, falta de disciplina. Qualquer outra coisa não funciona, nós pomos a culpa no que não funciona. As dietas não funcionam, a culpa é nossa, somos nós que somos, não somos fortes, não temos convictos, somos preguiçosos, então está toda uma série, a indústria da dieta sobrevive.
00:12:44
Speaker
décadas, apesar de não funcionar, para mais de metade das pessoas que as fazem. Não é mais de metade? É muito, muito mais de metade. Vamos dizer que para nos 80, 90% as dietas não funcionam. Porque tu tens um lobby muito grande não nas dietas, mas até mesmo noutro tipo de coisas como o fast food e coisas da vida, que é a comida de conforto.
00:13:05
Speaker
Como a indústria farmacêutica, que também tem interesse. Todos têm um lobby, um interesse enorme nesta coisa de nós não fazermos reeducação alimentar e isso é muito comum. Segundo, o relatório da Market Data em 2019, em 2019 esta indústria, a indústria das dietas, valia mais de 72 mil milhões de dólares. Isto com toda a certeza foi uma coisa que continua a aumentar. E está, a cultura de dieta é precisamente isto.
00:13:35
Speaker
sistema de crenças que faz equivalei que, magreza, o corpo musculado e determinados tipos de corpos são sinónimo de saúde e de virtude moral. Daí esse ponto, ah, eu sou preguiçosa, eu não consigo, eu não tenho força, eu não tenho força de vontade. Depois outra coisa que tu também disseste... Como se pessoas completamente saudáveis não tivessem um ataque cardíaco ou coisa que o valha.

Gordofobia e diagnóstico médico

00:14:00
Speaker
Não, como se tu teres um corpo diferente do padrão, queira automaticamente dizer que tu não és saudável. Também vou falar disso mais, também vou falar mais disso adiante. Depois outra coisa, uma super problemática e que nós sabemos que é verdade, que é gordofobia nas instituições médicas e nos profissionais de saúde, que se recusam a explorar causas, partindo simplesmente
00:14:30
Speaker
do ponto de vista que se a pessoa tem excesso de peso ou tem um corpo que não está dentro do padrão, então é tudo, todos os problemas daquela pessoa têm a ver com o peso. Então não exploram, não mandam fazer exames, mandam fechar a boca. Eu vi uns anos, tenho muita pena de não conseguir encontrar um documentário sobre a realidade portuguesa na RTP, que me chocou
00:14:52
Speaker
em que havia N profissionais de saúde que diziam, é chocante, a quantidade de doenças que ficam por diagnosticar e de pacientes que nunca são devidamente ajudados, quer seja nas outras condições, quer seja na própria perda de peso, precisamente porque o perder peso é fechar a boca. Não se vai avaliar as condições hormonais, não se vai avaliar outras coisas, não. claramente na classe médica uma
00:15:18
Speaker
um preconceito com as pessoas que têm um corpo fora do padrão. E o curioso, e eu vou falar mais disso agora quando falar da história da cultura da dieta, é que os médicos originalmente não não eram gordofóbicos como eram anti-magreza.
00:15:33
Speaker
e eram muito anti-dieta, porque a dieta, o corpo magro era associada a doenças, a fragilidade, a pobreza. Portanto, esses pontos que tu falaste aqui eu acho que são clássicos da cultura. uma inversão.
00:15:49
Speaker
E uma inversão agora nos médicos. Eu contei-te que no outro dia fui à medicina no trabalho e de dois anos atrás, quando eu fui a última vez, tinha perdido bastante peso. E assim que cheguei à porta, tipo, ela pediu-me logo para me pesar. E assim que eu me peso, eu pensei assim, isto vai dar um granel. Pois. não gosto. Tenho a versão tipo a coisas para me pesar e ainda para mais profissionais de saúde na sala. Então ela, tipo, registra tipo o peso e não sei o quê e dizes, ah, perdeu bastante peso, parabéns. Então, fechou a boca.
00:16:19
Speaker
Super problemático. E eu disse assim, não, fiz isto, isto, isto, isto, mas porquê fechar a boca? Tipo, eu perguntei-lhe mesmo, tipo, porquê que é o único ímpetu, a única capacidade? E eu assistente, às vezes à roda de uma mesa, as pessoas a falar e outra pessoa, tipo, está a dizer, tipo, que tem dificuldade ou uma coisa qualquer, ou assim, e sempre alguém que chuta, mas experimentaste fechar a boca.
00:16:44
Speaker
Sim, porque está. Porque tudo depende da nossa força de vontade. No que toca ao peso e no que toca ao corpo, tudo depende da nossa força de vontade. E toda uma série de preconceitos à volta de corpos que saem do padrão, que na verdade é um padrão eurocêntrico, caucasiano, maioritariamente, que não engloba mais ninguém
00:17:07
Speaker
outra diversidade que existe em todo o planeta. Portanto, logo é extremamente problemático. dar-vos rapidamente a minha experiência com dietas. Eu sempre fui uma miúda magra. Eu, aliás, o meu pai e a minha mãe gozam até hoje comigo, porque eu, como era muito magrinha,

Saúde mental e a obsessão por dietas

00:17:22
Speaker
tinha complexo. Eu não era... Eu era uma miúda magra, mas eu sabia que era muito magrinha e tinha muito complexo com as minhas pernas.
00:17:27
Speaker
umas perninhas de canivete e fazia muito esporte, sempre fiz muito esporte, eu era muito magrinha e então eu comia e sentava-me para engordar. Eu comia e sentava-me porque eu queria ter curvas. Então os meus pais ainda os gostam comigo, tipo, passaste para o posto, não é? Depois eu sempre fiz muito esporte, eu fazia esporte praticamente todos os dias e quando fui para a faculdade acabou-se tudo. Em minha casa a alimentação sempre foi super equilibrada,
00:17:52
Speaker
não no sentido da dieta, mas no sentido de ser muito, muito completa. Havia sempre legumes, havia sempre muito peixe, comíamos mais peixe do que carne, bíamos muita água, não tínhamos muito hábito de consumir fritos refrigerantes. Portanto, a minha base era extremamente equilibrada e depois fui para o faculdade, né? E comecei a fazer a comida para mim.
00:18:12
Speaker
Começou a ser bife e massa, e massa e bife, todos os dias. E deixei de fazer deporte e engordei tipo 10, 15 quilos num ano, engordei imenso e fiquei super complexada, não me reconhecia e a partir daí foi sempre um correr atrás do prejuízo. A alimentação, passei a fazer uma alimentação aos poucos mais regrada, mas fiz N dietas, fiz a dieta dos sentidos dias, fiz dieta dos chumos, fiz dieta dos batidos. experimentei
00:18:42
Speaker
em coisas e a conclusão era sempre a mesma. Perco com muita velocidade, agora não tanto, mas cheguei a perder 10kg em dois meses. Perco com muita velocidade, fico-me a sentir ótima, acho que vou conseguir aguentar aquela dieta para tudo sempre.
00:18:58
Speaker
e depois passado um tempo não consigo, e depois engordo. E vou sempre ficando um bocadinho mais pesada, mais pesada, mais pesada, até que comecei a investigar sobre isso, pá, porque eu observava, eu via as pessoas, tipo, a contar as horas para comer de três em três horas, a dizer coisas como, ah, esqueci-me de comer o ovo cozido, e eu pensar, mas se tu esqueces de comer o ovo cozido, é porque tu não tenhas fome, tu não precisas estar a comer de três em três horas.
00:19:23
Speaker
E aquilo começou a mexer com o sistema. Eu comecei tipo, não, eu vou investigar. Eu fui vegetariana durante, eu acho que foram cinco anos. Portanto, eu investiguei muito, li muita coisa, li muitos livros, vi muitos documentários, porque eu não queria ser escrava da comida e é impressionante como a autora do livro fala disso, porque ela própria também acabou por fazer um percurso super ligado à alimentação, precisamente porque de repente se torna uma obsessão.
00:19:50
Speaker
E

Exercício físico e bem-estar

00:19:51
Speaker
eu queria-me libertar, eu queria-me libertar, então li montes de coisas e acho que aprendi muitas coisas sobre comida, consegui arregrar muita coisa a nível da alimentação, até que a André depois me falou deste livro da revolução da glicose em que ela explica cientificamente a importância da glicemia, da inflamação, dos... pronto. E eu disse, eu nunca mais vou fazer dieta. Pronto, acabou-se.
00:20:12
Speaker
eu não vou fazer mais dieta, eu não vou ter mais dias do lixo, eu não vou dizer mais que isto é comida que não me presta, eu não vou ter, eu não vou restringir, o que não quer dizer que eu coma tudo aquilo que me apetece. A verdade é, eu comecei a fazer exercício também, porque eu tinha uma relação muito on and off com exercício, hora estava muito focada, hora estava muito coisa, eu comecei a pensar.
00:20:38
Speaker
Porquê que eu estou a fazer exercício? E hoje em dia, isto pode parecer uma grande mentira, mas é a minha verdade, que é... Para mim o exercício mudou quando eu comecei a olhar para o exercício como a minha meta é chegar bem à velha. Estão a ver aquelas cotas a dançar no cruzeiro muito bem? Aquelas que se baixam, que sobem as escadas, que não precisam de ajuda de ninguém? Aquelas vossas avós que trabalhavam na terra e que estão muito boas quando chegam aos 70 aos 80? Esse é o meu objetivo.
00:21:05
Speaker
Eu quero ser aquela velhota que a Bumba na fofinha fala num episódio sobre o hot yoga e que diz que era tipo uma senhora de 90 e poucos anos, tipo cabelos brancos, que ela chamou-lhe a foldable velha. Que era como aqueles flip phones que consegue-se dobrar todo. E a Bumba sentiu esse tipo de género. Eu não consigo fazer isto!
00:21:24
Speaker
Exatamente. Eu também quero ser azim enquanto uma velha, é isso. Eu quero ser uma da boa velha. Exatamente, é chegar bem à velha e estar disponível para a minha família e para os meus amigos e fazer as minhas cenas e poderem ver, isso é a minha cena. E hoje em dia eu faço exercício por isso e porque me ajuda a controlar a minha ansiedade, é uma das minhas estratégias de controle da ansiedade. E deixei de fazer, antes de ter o Francisco, tive, eu acho, na minha melhor forma, eu não fazia dieta, perdia peso, estava super bem.
00:21:53
Speaker
comecei a seguir as indicações da Jessy, foi de perceber quando é que eram os picos da glicêmia, quais é que eram os alimentos que funcionavam melhor ou pior, o que é que a nível de intuitivo me fazia sentir bem e deixei de...
00:22:11
Speaker
Pronto, deixei de fazer dieta, eu tive o Francisco, eu encordei muito pouco, não fiquei... agora uma pergunta, tu não deixaste de comer nada, tipo, pelo menos como eu, eu comecei a seguir as dicas e o que ela te recomenda é, tu nunca deixaste de comer nada, tu tens uma ordem específica ou tens uma forma.
00:22:28
Speaker
tens uma forma muito específica de conhecer o teu corpo, porque ela tem uma coisa muito interessante no livro que é e recomenda toda a gente ler, tipo recomendei não sei quantas pessoas dentro do trabalho e é uma coisa tipo fulcral, porque pelo menos nem que seja para vocês, podem não seguir as dicas, devirem que não vos faz sentido, embora eu acho que é uma coisa tipo de inserir nos vossos hábitos, vocês não têm que fazer as 10, mas acima de tudo, eu por exemplo perdi também 17 quilos com as dicas da Jessi em 4 meses,
00:22:56
Speaker
senti-me super bem e agora tenho sempre uma noção de fazer um check ao meu corpo e de perceber isso. Porquê? Porque ela explica mesmo como é que o nosso corpo funciona, como é que funciona, por exemplo, ela explica claramente porque é que não devemos contar calorias, que é uma coisa que as pessoas fazem constantemente quando fazem a restrição de hidratos, é fazer também contagem de calorias.
00:23:17
Speaker
-lo zero.-lo zero, sinceramente. Sim, ela explica coisas tão interessantes como, açúcar para o corpo é açúcar, não interessa se é a do santo, se é açúcar branco, se é açúcar de coco, se é aquele gel de arroz para o corpo, é açúcar malta.
00:23:38
Speaker
O livro dela pode ser um bocadinho de triggering para quem quer deixar as dietas. Porquê? Porque continua a haver uma série de regras, entre aspas, que no fundo são recomendações. Interessante do livro é que são recomendações que se nós formos olhar para civilizações muito antigas, são coisas que se fazem muitos anos, portanto uma certa sabedoria ancestral nestas coisas. Porquê? Porque está, acaba por se perceber que
00:24:05
Speaker
aquilo que é ancestral faz sentido científico. No fundo, foi isso que eu achei interessante, é que ela explica de forma científica, mas que qualquer leigo pode entender. Exatamente. Como é que o corpo funciona, porque é que vocês devem fazer esta e outra combinação e coisas super simples. Eu perdi peso, não era esse o meu objetivo, mas senti-me super bem. No meu também. A nível de distão, de ir à casa de banho, de questão de pele.
00:24:35
Speaker
sentia-me super bem. Tive o Francisco que estive sempre bem. A seguir a ter o Francisco, estava ainda com menos peso do que antes de estar grávida.

Mudança de perspectiva sobre alimentação

00:24:44
Speaker
Depois tive toda uma comoção na minha vida que foi o pós-parto e em que eu basicamente me rebelei contra a alimentação saudável e aumentei bastante peso. E, portanto, agora estou naquela
00:24:55
Speaker
que cruzado, e por isso é que eu sou uma dietólica em desconstrução, de voltar à minha regra, de voltar ao meu, a esta, aquilo que eu acho que funciona para mim, sem cair na tentação de fazer uma dieta. Eu não faço restrições, eu não nada que eu não coma, que eu não, que eu diga, ah isso eu não...
00:25:13
Speaker
O que é que eu tento, e isso eu faço, mas faço muito tempo, é eu tento não comer coisas muito processadas, por uma questão de, são coisas que não fazem, que na verdade não nos trazem benefício nenhum, mas se me apetecer ir ao cinema e comer umas pipocas industriais, eu como, se me apetecer comprar um pacote de batatas fritas,
00:25:29
Speaker
não faço esse tipo de restrição, mas não é um tipo de alimentação. Eu quando estava no auge, antes da gravidade do Francisco, em que estava bem, estava a seguir as cenas dela super bem, lembro-me perfeitamente que eu passava no supermercado, olhava para as cenas muito processadas, não tinha vontade de as comer. Não era um tanto uma cena de... Porque ela ensina-nos, está a equilibrar os picos de glicémia, a não ter esses picos,
00:25:57
Speaker
Tu deixas de ter essa necessidade, né? Esses cravings. Pronto, isso funcionou para mim. Não estou a dizer que isto é nenhuma receita, estou a contar a minha história com as dietas. isso. Neste momento, cada vez que alguém fala em fazer dieta, ou no dia do lixo, ou na contenção, eu fico logo...

Consumo mental das dietas e restrições

00:26:13
Speaker
em Brasa. Eu tenho logo vontade de começar a dizer cenas, porque assim Malta, é uma das maiores armadilhas que nos fizeram a nós, principalmente mulheres, apesar dos homens cada vez mais também, estarem nesta cruzada. É uma das maiores armadilhas que nos fizeram. Consome imenso da nossa vida e do nosso espaço mental. E tenho sempre curiosidade de saber onde é que eu estaria
00:26:40
Speaker
Se eu não tivesse tido esta relação tão problemática com a comida a partir dos 20 anos para a frente. E eu nunca cheguei a ter um distúrbio alimentar, mas muitos dos comportamentos da dieta são borderline, estão mesmo ali no limite do distúrbio alimentar.
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Speaker
Ah sim, confere. Não, e para além disso é assim, não estamos aqui a vender o método da Jessy como sendo a última Coca-Cola do deserto, nem como sendo a solução para tudo, ok Malta? Acho que é boa informação, por isso é que eu digo, se vocês quiserem não sigam as dicas, não liguem para nada do que ela diz, tipo em termos do método, mas leiam a parte científica, porque conhecerem o vosso corpo.
00:27:26
Speaker
uma coisa que ela diz lá, que sempre ficou na minha cabeça, que é o nosso corpo é como uma caixa negra tipo de um avião. Nós não sabemos como é que ele funciona, não sabemos o que é que está. E ela-nos um vislumbre daquilo que aquilo é e percebendo isso e percebendo como é que a gordura, por exemplo, se acumula, por exemplo no caso da mulher, muito mais na cintura especificamente e nos glúteos, uma razão.
00:27:49
Speaker
E ela vem um bocadinho da forma como nos alimentamos e como inflamamos o nosso corpo conforme nos alimentamos. E isso às vezes, e em grande parte das pessoas, quer sejam diabéticas ou não, demonstra-se pelos picos de glicémia, que é o corpo não estar conseguindo ingerir tudo aquilo que nós lhes estamos a dar.
00:28:05
Speaker
Mas acima de tudo é uma ótima forma de nos conhecermos e eu até ler o livro dela não conhecia nem tinha noção de nada disso e também tinha lido imensas coisas sobre dietas e sobre alimentação e algumas até sobre alimentação saudável e tinha uma certa aversão à dieta mas mas efetivamente acho que é um bom ponto de informação.
00:28:25
Speaker
Agora, depois querem fazer as dicas ou não e depois é um bocadinho a vosso cargo e à vossa vontade. No meu caso, eu perdi peso, mas também não era o meu objetivo, ok? Eu consegui a maior coisa de todas que é... Eu controlei os sintomas da minha endometriose e da minha adenomeose, que eram bastante isacervatos e fiquei com o meu período completamente regular por fazer as dicas da digestia, ou seja, por controlar os meus piques de glicémia, portanto...
00:28:51
Speaker
Esse foi a minha maior vitória. O resto foi basicamente bónus, graças a Deus, e por isso agora também estou numa fase um bocadinho mais caótica e tenho que estar a inflamar o meu corpo e tenho sentido isso e por isso agora estou outra vez a ver como é que posso inserir as dicas da Jessy no meu dia a dia porque está muito diferente
00:29:12
Speaker
daquilo que era e então, basicamente, voltar outra vez a controlar as minhas coisas para não ter os outros síntomas. A perda de peso se vier, é bem-vinda, mas, mas pronto, mas basicamente controlar esses síntomas que não quero voltar a sentir nem inflamar o meu corpo.
00:29:29
Speaker
que é para ser uma foda boa velha de jeito, daqui a uns tempos. Exato. Então cultura da dieta, como eu comecei por dizer pouco, é este, o que é que é a cultura da dieta, diet culture em

Cultura da dieta e suas consequências

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Speaker
inglês? É este sistema de crenças que faz equivaler magreza, músculos,
00:29:44
Speaker
e corpos de padrão à saúde e à virtude moral. Promove a perda de peso como uma forma de atingir um status mais elevado, demoniza certas comidas e grupos alimentares e, extremamente importante, oprime, ostraciza e discrimina quem não corresponde a este padrão de saúde, que normalmente são quê? Minorias étnicas?
00:30:07
Speaker
mulheres, transexuais, para ir fora, porque é toda a malta que sai fora do padrão. A cultura ocidental é no fundo a cultura da dieta, que mascar a este seu preconceito com preocupação com o bem-estar, a saúde e o fitness.
00:30:23
Speaker
Eu vou fazer este alerta aqui. Ouçam este episódio com cabeça aberta e guardem os vossos falsos moralismos e preocupações com a saúde alheia, que é uma coisa extremamente comum na cultura das dietas. Agora, vou-vos dar rapidamente, vou tentar, as origens das dietas, que eu achei super interessante.
00:30:46
Speaker
Porque durante uma grande parte da existência humana, não é? Como vocês sabem, nós éramos, na altura do homo sapiens e não só, éramos nómadas e não pensávamos em restringir a comida, pensávamos no fundo a preocupação era oposta, era em como ter comida suficiente.
00:31:02
Speaker
E por isso um corpo com curvas era um corpo que era sinônimo de alguém que se alimentava bem, que tinha saúde, que era fértil. E a magreza significava pobreza, doença, morte. A demonização da gordura começa na Antiga Grécia. É na Antiga Grécia que se começa a associar a moderação e o equilíbrio como uma virtude.
00:31:24
Speaker
Serem muito indulgentes no que toca à comida era sinónimo de corrupção moral e de fraqueza de espírito. Galen, que foi um médico na Antiga Grécia, ele acreditava que a gordura era sinal de um espírito deformado. É aqui pela primeira vez que se começa a associar gordura à fraqueza moral.
00:31:43
Speaker
Isto é uma coisa que está tão enraizada em nós. Basta vocês pensarem nas coisas que vocês pensam sobre as pessoas que são... Eu não tenho nada contra os gregos, mas quer dizer, tanto filósofo bom que sai dali, tipo, e depois saem essas coisas também? Sim, mas super, super problemático. Super. É também na Grécia que surge a palavra diáita ou dieta.
00:32:03
Speaker
que era uma espécie de regime, tinha a ver não com a comida, mas com o exercício, com a higiene e também com o comportamento sexual, toda a gente que não seguisse estas regras era considerado intelectualmente e moralmente inferior. É aqui também que se começa a associar o ser humano aos animais, os seres humanos que comiam como animais.
00:32:26
Speaker
E aqui uma implicação clara. Quando tu comes muito, quando tu és fora do padrão, quando tu tens mais peso, tu és menos humano. Tu és quase como... Tu és um animal. Tu é um animal. Porque é aquilo que nos diferencia, não é? A nossa...
00:32:42
Speaker
Mas aquelas pessoas que dizem que gostam de comer nos rodígios que nem um animal, não é? Mas o comer que nem um animal, o comer que nem um animal não é uma coisa positiva. Comer que nem um animal era um insu. Se és animal és um bocadinho menos humano. Pertença a uma categoria inferior e, portanto, é aqui que se começa a ver isso também. Também na altura do colonialismo, com o Cristóvão Colombo,
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Speaker
Os colonos espanhóis, que depois iam para... iam para sítios tipo Américas e assim, começavam a ter doenças e, portanto, o que é que era fácil? Era dizer que a comida que era era a comida dos indígenas e, portanto, o que era bom era comer a comida europeia, as coisas europeias, e começam a criar um estigma em relação a tudo que era diferente do europeu branco. A comida indígena... E assim a gente abre o caminho para a fast food.
00:33:34
Speaker
Exatamente. A comida indígena era má. Depois, não sei se pensaram nisso, mas até a revolução industrial, que é quando se o adverto da roupa do pronto a vestir, começa-se a produzir roupa de forma massificada, as pessoas não tinham que servir nas suas roupas. Porquê? Porque as roupas eram feitas para os corpos.
00:33:52
Speaker
os corpos não se faziam às roupas. Quero que tu fosses pobre ou rico, a roupa era feita à medida. Podia ser feita por ti em casa ou na costureira. que o devendo da revolução industrial é que se começou a ter a ideia de corpos padrão e de medidas padrão. Portanto, até isso não existia. Com a chegada dos imigrantes, precisamente nesta altura, à América, por exemplo, os brancos
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Speaker
os residentes precisavam de se distinguir. O corpo era naturalmente uma forma de se distinguirem, porque eles eram diferentes, eram naturalmente mais magros, eram mais altos. Portanto, logo surgiram uma série de teorias científicas que comprovavam a superioridade do homem branco, face às estruturas e aos corpos das outras raças. A gordura passou a ser um sinónimo de selvajaria. Os selvagens, os imigrantes, esse sim, que está moralmente
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Speaker
inferiores e corruptos é que eram aquilo a evitar. As mulheres foram especialmente afetadas porque o corpo da mulher tem mais perpeção a ganhar peso, nem que seja por uma questão de somos nós que temos as crianças e que carregamos e que por fora. E logo isso comprovava que a mulher era fisicamente inferior.
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Speaker
Portanto, surgiu uma série de estudos e eu estou a usar aspas, estou a fazer coelhinhos com as mãos, aspas aéreas, surgiram uma série de estudos científicos que comprovavam que a mulher era fisicamente inferior e também foi que se começou pela primeira vez a associar as características femininas a coisas moralmente inferiores. Por exemplo, os homens que eram mais gordos e menos
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Speaker
masculados eram mais femininos, tinham mais curvas. E como tal, como eram mais femininos, eram menos masculinos e mais amorais. Eram preguiçosos, tinham pouca força de vontade. Isso porque essas características eram associadas às mulheres. Apesar de podermos ser curvilíneas, tínhamos que ser, porque era aquilo que era feminino, mas também não podíamos ser,
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Speaker
E isso foi muito evidente na altura do movimento sufragista. Uma das propagandas que se fazia era associar as sufragettes feias, masculinas, gordas, portanto fazia-se toda uma cena de propaganda para as outras mulheres.
00:36:10
Speaker
não se identificarem. As mulheres não queriam... Tu enquanto mulher tu não queres ser feia, nem masculina, não é? E então era isso que se dizia, que elas eram essas coisas todas. Ah, inclusive, eu percebi, durante esta pesquisa, que fiz que, historicamente, sempre que as mulheres conseguem fazer uma conquista grande, tipo,
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Speaker
conseguir o direito a votar, ganhar segurança reprodutiva com a pílula, começar a trabalhar fora de casa. Em todos estes momentos a pressão estética e moral aumenta e surge um novo ideal de beleza que é ainda mais magro,
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Speaker
Inatingível. A feminista Naomi Wolf disse uma coisa que eu penso muitas vezes, eu falo muitas vezes nisso. As dietas, foi isto que ela disse, as dietas são o mais poderoso sedativo político na história das mulheres. Enquanto as mulheres estão ocupadas a encolher-se, a contarem calorias, a restringirem-se, menos energia mental lhes resta para se ocuparem daquilo que realmente interessa.
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Speaker
Quando é que as dietas atingem o seu apogeu? Quando a ciência e a medicina se juntam a este couro de vozes anticorpos que são fora do padrão e com a emergência do estigma de peso e corpos maiores. Foi como eu disse, inicialmente os médicos detestavam que as pessoas tentassem perder peso.
00:37:25
Speaker
Os consultórios nem balança tinham. Aliás, ninguém tinha balança em casa. As pessoas pesavam-se nas feiras em balanças dos animais e era uma diversão. Tipo, porque nem era suposto as pessoas saberem o seu peso. Era uma coisa tipo fun. Tipo, olha, deixa ver. Eu pesar-me aqui na balança dos bois, quanto é que eu peso? Nem balança havia.
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Speaker
Eu lembro-me... Eu lembro-me que as primeiras vezes que fui pesada foi pelo meu avô na farmácia. No mercado, não no mercado. Porque ele como vendia fruta, normalmente era que eles me pesavam, metiam-me na máquina da fruta e faziam o peso.
00:37:59
Speaker
depois sim, depois comecei a ir à farmácia. No consultório foi muito mais recente. Os consultórios nem balança tinham, os estudos da altura demonstravam que não eram necessariamente os indivíduos magros que tinham melhores resultados de saúde e portanto o peso não era um indicador. em 1920 é que os consultórios passaram a ter balanças e na viragem para o século 20
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Speaker
começa-se a utilizar o índice de massa corporal como uma medida relevante. Fun fact, o índice de massa corporal foi inventado por um senhor, um astrónomo belga, para traçar uma relação estatística entre o peso e outras condições de saúde e era utilizado pelas seguradoras. Era uma medida que começou a ser utilizada profissionalmente pelas seguradoras.
00:38:44
Speaker
e que é muito restritivo, é muito problemático e que não considera uma série de coisas. anos de estudos científicos e anos de cientistas no mundo inteiro que anos falam contra o índice de massa muscular enquanto medidor ao indicador, desculpa, massa corporal, enquanto indicador de saúde. Mas pronto, ele aqui começou a ser utilizado e ele foi utilizado para justificar depois todas as outras coisas que se fizeram e que se disseram mais adiante.
00:39:12
Speaker
E ainda hoje as dietas estão muito associadas a isso. Ao índice de massa corporal. Exatamente. Nos anos 20 e 30 as pessoas tentaram tudo. foi loucura das dietas. As pessoas tentavam cigarros, avetaminas. Afiram-se quantas proscrições de avetaminas para as pessoas perderem peso.
00:39:31
Speaker
dietas de fruta ou leite, comprimidos que ninguém sabia bem o que é que tinham e que depois tiveram consequências nofastas. Nos anos 50 surge a cirurgia bariátrica, que é uma cirurgia, eu aconselho-vos a ler o livro da Roxanne Gay, o Bad Feminist. Ela fala muito, ela fez a cirurgia bariátrica e ela fala muito dos interesses por trás da cirurgia bariátrica, que são altamente problemáticos nos Estados Unidos.
00:39:59
Speaker
E o fun fact é que foi um dos senhores que fazia cirurgia bariátrica que convenientemente cunhou o termo obesidade mórbida. Até ele não era identificado. Eu acho interessante que tenha sido uma pessoa que lucra diretamente com
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Speaker
a identificar o termo obsidado. Como tudo nesta vida. Exatamente. Depois, nos anos 50, surgem também os grupos de dietas. A dieta era uma forma de pertença, os Weight Watchers da vida e, como a Andréa disse bem, também o grupo de dietas do Dr. Agatha Requete dos anos 50, mas toda esta cena de comunidade e de pertença à volta das dietas... Chamavam-se as guerreiras da dieta dos 31 dias, que é uma cena tipo...
00:40:42
Speaker
Sim, tinham receitas e não sei o quê, eu lembro-me de ver isso também. Os anos de 60 e 70, a comprovar aquilo que eu estava a dizer antes, são anos de contracultura e anos de libertação. O que é que faz com que anos 70 aos 90, febre das dietas máxima.
00:41:01
Speaker
Começam a surgir as dietas de Atkins, que foi super famosa, uma dieta rica em gordura e pobre em hidratos, portanto era uma dieta que vinha no fundo dizer, se vocês não comerem hidratos, pô, mas podem comer bacon e ovos, mesmo assim, à grande, tudo coisas que contradizer as coisas que se tinha aprendido até então.
00:41:20
Speaker
70 a 90 a única coisa boa que saiu foi eu e a Andra em 87 e a música. Como eu dizia está sempre que um período de libertação e de movimento contra a cultura repressão e portanto 70 a 90 dietas
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Speaker
Em 92, o National Institute of Health concluiu que as dietas não funcionam e que a maior parte das pessoas que perdem peso intencionalmente acaba por recuperar todo ou a maioria em menos de 5 anos. Em 95, o Washington Post reportou que os americanos estavam mais gordos do que nunca e uma das teorias que mais parecia fazer sentido era que tinham feito toda uma década de dieta intensiva.
00:42:02
Speaker
Em 98 milhões de pessoas ficaram obesas do dia para a noite. Como? Os americanos resolveram mexer nas categorias do índice de massa corporal. Um bocadinho mexer nos calões do IRS, de repente estás no escalão, desconta 10% e de repente passas a descontar 15%.
00:42:18
Speaker
mexeram nas categorias e pessoas que estavam consideradas como tendo sobrepeso ficaram obesas e começou a chamada e a temida epidemia da obesidade, que é a epidemia do século XXI. É engraçado porque esta recomendação para se mexer
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Speaker
no índice de massa corporal, nas categorias, é baseada num relatório da Organização Mundial da Saúde. Até aqui, tudo bem, Organização Mundial da Saúde, parece-nos imparcial, este National Health Institute também. O que é que acontece? Este relatório da Organização Mundial da Saúde é baseado numa coisa chamada Obesity Task Force, que foi financiada nada mais, nada menos que pela Hoffman de La Roche e pela Abbott Laboratories.
00:43:04
Speaker
Duas farmacêuticas que têm medicamentos para perda de peso. Portanto, logo aí, fiquemos um bocadinho. E, portanto, foi sendo cada vez mais evidente, cientificamente, que os esforços para perder peso, intencionalmente, geram ganho de peso, na verdade, até dois terços das pessoas que o fazem.
00:43:23
Speaker
Resumindo e concluindo, eu tentei fazer um... porque havia tanta coisa a mais que eu podia ter dito. Interessante. Eu acho interessante estes factos, porque acho que a gente tem que perceber está o contexto do porquê de sentirmos determinadas coisas e que isto não é de nós, nem da nossa força de fibra, da nossa força mental ou fibra moral. Basta olhar para a história das dietas para perceber que a dieta é uma forma de opressão que tem raízes racistas e sexistas sobre a comida e sobre os corpos. Dizem vocês.
00:43:52
Speaker
Ah, mas a ciência prova que bla bla bla. Em primeiro lugar, a relação entre a saúde e o peso é extremamente complexa e o que está aprovado cientificamente é que isoladamente o peso não é o melhor indicador de saúde. Pode haver efetivamente uma associação entre excesso de peso e algumas condições de saúde.
00:44:12
Speaker
doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e hipertensão. No entanto, a ciência aponta que fatores como distribuição da gordura, níveis de atividade física, alimentação, o stress e o sono têm um papel muito significativo nestas condições, às vezes muito mais do que o peso em si.
00:44:30
Speaker
Na verdade, pessoas que têm um índice massacral, mas elas podem apresentar boa saúde metabólica, especialmente se estas pessoas têm hábitos saudáveis. E este fenómeno é conhecido como o paradoxo da obesidade, ou seja, são pessoas com sobrepeso ou obesidade, podem ter uma vida longa e saudável se forem fisicamente ativos e não tiverem outros problemas metabólicos.
00:44:51
Speaker
Por outro lado, pessoas que têm um peso considerado normal podem ter problemas metabólicos e caso tenham uma dieta pobre e sejam sedentários, têm uma série de outros fatos de risco e de condições de saúde, apesar de estarem dentro daquilo que nós chamamos o corpo padrão. O que a ciência, na verdade, nos diz é que o peso
00:45:09
Speaker
é um dos fatores que nós devemos considerar, que é preciso haver uma abordagem muito mais holística, tanto a nível de alimentação, como atividade física e saúde mental, que é muito mais eficaz para melhorar a saúde do que apenas perder peso. E agora outra coisa que eu acho e é isto que eu quero, após vocês não reterem mais nada deste episódio, vocês retenham estas duas coisas que eu vos vou dizer. Cientificamente falando, porque é que nós fazemos dietas e as dietas não resultam? Ou nós engordamos? Vou-vos falar duas coisas.
00:45:38
Speaker
Uma chama-se homeostase energética e outro set-point shiftic. Homeostase energética é a resposta natural do corpo para manter peso. O que é que isto quer dizer? Depois de vocês fazerem uma dieta, o corpo, e não se esqueçam que vocês têm o mesmo cérebro,
00:45:55
Speaker
do homem sapiente sapiente. Portanto nós mudámos muito e mudámos muita coisa, mas o nosso cérebro continua a achar que nós estamos no meio das cavernas à procura de coisas para comer e havendo escassez alimentar. Depois de uma dieta o corpo tende a defender o peso que tinha antes, tentando sempre voltar ao original. Isto acontece porque ao perder peso o corpo
00:46:18
Speaker
percebe que houve uma redução das reservas energéticas e ajusta-se para economizar calorias. O que é que faz? Reduz o metabolismo e aumenta o apetite. Isto é aquilo que se chama muitas vezes do efeito yo-yo e faz com que muitas pessoas acabem por recuperar este peso perdido. Às vezes até ganham mais peso do que o peso que tinham inicialmente.
00:46:41
Speaker
e também a genética e o histórico pessoal de dietas. Portanto, quanto mais dietas vocês fazem, mais vocês propiciam que isto aconteça, porque o corpo... E as comorbididades que tu tens associadas, porque depois quando tu tens algum excesso de peso ou obesidade mesmo, acabas por ter depois outras doenças associadas, tipo que desenvolves depois também diabetes e outras coisas que tais, que é aquilo que motiva também muito a indústria, porque para a indústria não é só... A doença muito tempo. O ambiente...
00:47:11
Speaker
não é o ambiente da obesidade. É tudo aquilo que a obesidade supostamente traz atrás e que ajuda tipo a aumentar o mercado a escalar. Sendo da área da farmacêutica não defendo, mas pronto. Temos que trabalhar mais na área mais preventiva do que propriamente na área de medicamento, especificamente tratamento. Mas concordo contigo e esse é um ponto que tem que se guardar mesmo porque é a mesma coisa que
00:47:37
Speaker
Até mesmo fazendo dieta e fazendo a restrição e é por isso que a restrição não funciona, por isso mesmo que tu estás a dizer, que é tu estás a restringir mas o corpo automaticamente está a tentar voltar a um estado anterior, mas acima de tudo é o facto de ao fim de x tempo o teu corpo habitua-se também a estar naquele momento, ou seja, tu quando começas a fazer dieta dás-lhe ali um choque que é, ah vamos fazer aqui uma coisa diferente.
00:47:59
Speaker
E quando lhe fazes uma coisa diferente, ele começa tipo, ok, então bora e não sei o que, começas a perder peso. Chega um momento em que ele estagna e diz assim, espera, mas calma lá, não vamos continuar agora com este modelo, tipo, para o resto do tempo, porque ele precisa de outras coisas. E portanto, é muito importante entender isto. Eu acho que esta é a parte focal da nossa caixa negra do avião, que nós temos que entender. Portanto, não se esqueçam deste ponto que a Andrea referiu, que é muito, muito importante.
00:48:26
Speaker
a mióstase energética e depois, em cima da mióstase energética tem uma coisa que a mim quando eu operaria me chocou, eu sentia-me enganada, eu senti tipo que ninguém, nunca em nenhum livro de dieta que eu li falava disto, uma coisa que se chama set point e set point shifting e que é uma coisa muito fácil de entender. O set point é o intervalo de peso que o nosso corpo defende naturalmente.
00:48:52
Speaker
Portanto, nós temos a tendência de ter um peso mínimo e um peso máximo. É um intervalo de peso que nós naturalmente temos. O que acontece com o efeito das dietas restritivas e destas oscilações frequentes de peso, é que o organismo, numa resposta de sobrevivência, ajusta esse intervalo para um valor superior.
00:49:14
Speaker
Portanto vocês podem ter, imaginem, estão sempre ali entre os 58 e os 63, imaginemos, mais ou menos. Quanto mais dietas vocês fazem, com as dietas de perda rápida de peso, o corpo percebe uma ameaça e ajusta o set point para um intervalo de peso mais alto. Portanto vocês não vão partir do mesmo sítio, vocês vão partir do vosso ponto mínimo, vai passar do 58 para o 63.
00:49:38
Speaker
e se vocês observarem no vosso histórico dietas eu tenho a certeza que vocês vão conseguir comprovar isto. Com a idade do nosso corpo tem tendência a ganhar mais peso mas muito também tem a ver com esta mudança do set point, este set point shifting. É por isso que depois de algumas dietas
00:49:56
Speaker
Recuperar peso pode ser ainda mais fácil e mais rápido, mas o corpo está cada vez mais programado para reter energia e começa a ser progressivamente mais difícil. E vocês estão cada vez mais pesados. Isto tem a ver com a vossa idade, mas também tem a ver com este mecanismo de defesa do corpo.
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Speaker
Nunca ouvi esses termos que tu tavas a falar, de ele pôr um set point. Mas, por exemplo, com a minha naturopata, especificamente, quando eu comecei a falar com ela, ela disse-me como é que era na sua adolescência. E eu disse assim, me andava entre os meus 55 quilos. Tipo, nunca variava muito de 55, 56, qualquer coisa assim do género. Mas eu fiz certos desportos, artes marciais e outras coisas que tais, que me fizeram desenvolver muito a minha estrutura óssea.
00:50:46
Speaker
E aquilo que ela me dizia era, neste momento, com a idade que tem e está numa fase mais adulta e etc, não faz de todo sentido. Neste momento o seu peso, e ela nunca foi ao índice de massa corporal, por alguma razão, mas ela dizia-me, ok, vamos chutar para descer o seu peso atual para um peso que nós achamos que é o normal, mas é do género, tipo vamos até a este ponto,
00:51:11
Speaker
e depois, imaginemos, tipo 69 quilos, estás a ver, mas depois ela dizia, mas se não tiver, tipo, demasiado magra ou se sentir que ainda não está no ponto, podemos ir até aos 65, 67, mas é vendo a evolução e vendo se faz sentido ou não passar para esse ponto, ou seja, nós próprias pusemos uma baliza que tinha uma diferença de 6 a 7 quilos,
00:51:34
Speaker
para ser tipo o meu valor tipo médio, mas era tipo pois-juvento conforme a minha estrutura óssea e como é que eu me sentia, o que é que fazia sentido eu ter, porque não faz sentido nenhum eu fazer um índice de massa corporal e dizer-me assim, com a altura que tem e não sei o quê, devia ter 50kg.
00:51:51
Speaker
Certo, mas se eu tenho uma estrutura ou se é diferente e não sei o quê, se calhar vou ficar demasiado magra. Para aquilo que é a minha altura, não faz sentido. E a sena é a questão aqui do set point shifting e foi uma coisa que eu aprendi a propósito deste
00:52:12
Speaker
deste livro do Antidaia até eu fui ler o Health at Every Size do PhD Linda Bacon, na altura era Linda Bacon, ele fez a transição entretanto. E foi que eu aprendi esta coisa do set-point shifting. E isto do set-point shifting era por isso que eu dizia que com idade é normal, com idade e o desenvolvimento da vida é normal que este valor e o nosso peso mudando.
00:52:36
Speaker
Mas o que faz acionar este mecanismo é estas perdas abruptas de peso. Porque fazem com que ele ative um mecanismo de sobrevivência. Exato. É o surviving mode do nosso corpo.
00:52:48
Speaker
O grande problema é que estas dietas exacerbam estes dois mecanismos do corpo. Portanto, o nosso corpo faz isto. Quanto mais dietas nós fazemos, e nós sabemos que quem faz uma dieta tem tendência a fazer uma, duas, três, quatro, tantas, a estar constantemente em dieta... Estás constantemente a pedir para ele fazer reset e constantemente para ele fazer... Apertei a pensar, a subir de novo. Exatamente. Portanto, nós estamos a piorar. Nós nem sequer estamos a jogar com as cartas que nos foram dadas.
00:53:18
Speaker
Se fosse um computador Windows, tinha dado blue screen muito tempo. Exatamente. Portanto, lembrem-se da próxima vez que forem fazer a dieta de homeostasis energética e o set point shifting. Coisas que cientificamente nos mostram que as dietas não fazem sentido.
00:53:34
Speaker
Posto isto, agora que vos falámos um bocadinho da nossa história com as dietas e também da história das dietas em si, assim como da parte científica e como vai longo este episódio, vamos terminar por aqui e deixamos para uma segunda parte algumas informações mais sobre vários tipos de dieta
00:53:53
Speaker
muito populares, bem como alguns conselhos que vos podem ajudar a sair desta rodinha do hamster, que é a cultura das dietas e fazer dietas. Espero que tenham gostado, sigam-nos no Instagram e deixem-nos nos comentários qual é que é a vossa experiência com este assunto. Até para a semana. Este é o Ela por Ela, onde a conversa é sempre entre amigas.
00:54:23
Speaker
Sister united we stand side by side In this sorority where bonds apply