Become a Creator today!Start creating today - Share your story with the world!
Start for free
00:00:00
00:00:01
Gentileza ou vontade de agradar? A arte do People Pleasing image

Gentileza ou vontade de agradar? A arte do People Pleasing

S1 E8 · Ela por Ela
Avatar
61 Plays11 months ago

Neste episódio, vamos falar convosco sobre people pleasing e porque é que as mulheres têm mais tendência a ser people pleasers.

👇Índice

00:00:00 - Introdução

00:00:58 - Porquê este tema

00:01:15 – Porquê este tema

00:02:22 – O que é people pleasing

00:03:16 – Porque afeta mais as mulheres?

00:05:10 – Alta auto-monitorização desenvolve o people pleasing

00:09:57 – Não sabemos estar sozinhos

00:11:51 – Tática de sobrevivência

00:13:11 - Sinais de people pleasing

00:23:30 – Gentileza, actos de serviço ou people pleasing? Onde está a diferença?

00:47:32 – Dicas de como deixar de ser people pleaser

00:59:35 - Referências

💡Inspirações e recomendações referidas por ordem de menção:

Adam Grant - People pleasers - https://www.inc.com/nick-hobson/what-adam-grant-just-said-about-people-pleasers-is-harsh-its-also-true.html

Adam Grant - Give or Take - https://www.goodreads.com/book/show/16158498-give-and-take

Artigo People Pleaser - https://www.latercera.com/paula/people-pleaser-cuando-querer-agradar-a-los-demas-nos-afecta-a-nosotras-mismas/#

Cat Burns - People Pleaser - https://www.youtube.com/watch?v=uPkuTVQAIiM

Podcast Real Ones with Jon Bernthal - https://www.youtube.com/shorts/8CSeQ7w9v4E

TED Talk "The Power of Vulnerability" de Brené Brown - https://www.youtube.com/watch?v=iCvmsMzlF7o

Livro "The Disease to Please" de Harriet B. Braiker - https://www.goodreads.com/book/show/614198.The_Disease_to_Please

Livro “Bem Comportadas” de Elise Loehnen - https://www.goodreads.com/book/show/209585702

Livro “The Joy of Saying No” de Natalie Lue - https://www.goodreads.com/book/show/60693392-the-joy-of-saying-no

Livro “Set Boundaries, Find Peace de Nedra Tawwab” - https://www.goodreads.com/book/show/55782639-set-boundaries-find-peace

Livro "The Courage to Be Disliked" de Ichiro Kishimi e Fumitake Koga - https://www.goodreads.com/book/show/43306206-the-courage-to-be-disliked 

🧐Onde nos podes encontrar:

https://www.instagram.com/elaporelapod/

👋Tens ideias para temas? Gostavas de vir falar connosco?

Envia-nos uma DM no Instagram @elaporelapod

Transcript

Introdução e tema do episódio: Agradar pessoas

00:00:00
Speaker
Olá, eu sou a Andrea Candide Saraiva e travessei oceanos por pessoas que não saltariam numa poça por mim. E eu sou a Andrea Balacó e sou uma People Pleaser muito contrariada. Bem-vindos ao Ela por Ela, onde a conversa é sempre entre amigas.
00:00:24
Speaker
Olá, bem-vindos de volta. Bem-vindos. Espero que estejam bem desde a última vez que estivemos convosco, entre aspas. Dizer que o episódio passado girou muitas reflexões engraçadas destas diferenças entre os homens e as mulheres. É muito giro ver que
00:00:41
Speaker
toda a gente tem uma perspectiva diferente e original sobre o tema e algumas vezes concordaram conosco, exato, algumas vezes concordaram conosco, outras não, e foi engraçado que também nos têm deixado a pensar esses audios que vocês nos enviam.

Por que o agradar pessoas é mais comum entre as mulheres?

00:00:58
Speaker
Esta semana vamos avançar para um tema que vem muito na continuidade do tema do Síntrome do Impostor, que é o People Pleasing.
00:01:06
Speaker
Vocês agora podem analisar isto como quiserem, mas foi um tema que a minha terapeuta propôs, portanto... É um tema que vocês costumam falar, não é? Mas também nós falamos muitas duas, portanto... Exatamente, é um tema... pronto.
00:01:21
Speaker
Então nós falamos, entre as duas falamos com as terapêutas e falamos com outros amigos porque, pronto, e principalmente amigas eu acho, porque efetivamente é um tema que também a semelhança do síndrome de impostor ou do fenome de impostor também afeta, parece afetar mais as mulheres do que os homens. Então esta semana vamos abordar o que é que é, na verdade, o people pleasing.
00:01:44
Speaker
o que é que está na sua origem, porque é que se manifesta mais nas mulheres do que nos homens e alguns sinais de que vocês podem identificar como red flags para vos ajudar a identificar quando estão a ser People Pleasers? Que muitas vezes não é fácil, os sinais não são fáceis, às vezes são um bocadinho dubios.
00:02:03
Speaker
Exatamente. E trazer-vos a boa nova de que o people policing é um comportamento que pode ser desconstruído e curado, entre aspas. Requere trabalho e dedicação, mas é algo que se pode eliminar da nossa forma de estar nas relações.

Os efeitos e causas do agradar pessoas na vida pessoal

00:02:22
Speaker
Dito isto, começo por dizer que People Pleasing é, no fundo, um padrão de comportamento onde nós procuramos agradar os outros em detrimento das nossas próprias necessidades e bem-estar. Geralmente tem a ver com aceitação, é uma procura de aceitação e validação externa. Nós estamos a usar o termo People Pleasing porque não há, propriamente, uma tradução para português. Eu lembrei-me um bocadinho do Maria vai com as outras, mas não é bem a mesma ideia.
00:02:52
Speaker
Não é bem a mesma coisa. Então vamos nos manter no people pleasing, mas é esta ideia de agradar os outros em nosso prejuízo. vamos distinguir, o agradar não é fazer coisas simpáticas e não é sermos amáveis. Esse é que às vezes é o equilíbrio difícil. É entre o estamos a ser amáveis e a fazer coisas que gostamos pelas outras pessoas, mas estamos a fazer por motivos.
00:03:16
Speaker
É que está a raiz do people pleasing. Este comportamento parece ter mais... afetar mais as mulheres porque por todos os estereótipos de género, não é? As meninas desde pequeninas que são ensinadas a serem caladinhas, a não levantarem muitas ondas, a colocar as necessidades dos outros em primeiro lugar, portanto, a servir os outros. Isso... também casos onde, vamos falar, mas onde o abuso emocional,
00:03:46
Speaker
casos de insegurança e estabilidade familiar, geram trauma e geram baixa autoestima e a partir dessa baixa autoestima e desse medo do abandono, que eu acho que está na base de muito people pleasing, surge esta nossa necessidade de fazer tudo para agradar o outro para que ele não nos deixe, para que ele não nos abandone.
00:04:10
Speaker
Eu tenho aqui um artigo que li que está por base uma frase do Adam Grant relacionado com o People Pleasing, que foi um bocado chocante para as pessoas ouvirem aquilo que ele dizia, mas ele basicamente dizia que a raiz do People Pleasing crónico não é a preocupação com os outros.
00:04:26
Speaker
é a preocupação com a aprovação deles, o medo de ser rejeitado alimenta o autossacrifício. E então ele basicamente, ele tem um livro que é o Give and Take e basicamente tem a ver com, as relações são isso, é, tu das e recebes e quando existe esse desequilíbrio,
00:04:44
Speaker
e tu tentas, basicamente, não fazer as coisas por bem, mas basicamente para que as pessoas não te abandonem, acaba por ser prejudicial para a pessoa, neste caso que faz o People Pleasing, mas neste caso a rapariga que faz a entrevista e que faz o artigo diz, na minha própria área de psicologia social, o People Pleasing está intimamente ligado ao conceito de automonitorização, ou seja,
00:05:10
Speaker
A auto-monitorização foi definida pelo Mark Snyder na década de 1970 e diz que é o grau em que os indivíduos regulam o seu comportamento para atender às necessidades das situações sociais. Ou seja, conforme a situação social em que estás inserido, tornas-te um camaleão que se vai ajustando
00:05:30
Speaker
as coisas e este é a única coisa na psicologia que está muito ligado ao people pleasing, porque ele não está definido a nível psicológico ainda como uma questão que tenha um conceito, basicamente. E ele diz aqui que as pesquisas mostram que as pessoas com mal
00:05:48
Speaker
alta automonitorização, tem maior probabilidade de desenvolverem comportamentos de people pleasing, ou seja, estão constantemente atentos a como é que são percebidos pelos outros, vão fazer uma busca incisante por aceitação e aprovação, ou seja, precisam... Mas isso vem muito de uma insegurança, não é? Sobretudo dessa insegurança que a pessoa tem.
00:06:08
Speaker
O que faz? Estar sempre a fazer essa análise de o que é que os outros estão a pensar. E se os outros virem o meu verdadeiro eu, o que é que vão fazer? Mas eles dizem que está enraizado em outras coisas mais fortes que isso. Ou seja, depois coisas que é. pessoas que têm depressões ou que têm mais tendência para depressões. Pessoas que têm mais tendência para ter ansiedade, para terem burnout.
00:06:33
Speaker
Ou seja, tens uma saúde mental mais baixa e vem da autoestima também, porque também vem de muitas coisas, inclusive da infância e etc., que te dizem que para ser amado ou para gostarem de ti ou para não te abandonarem, tens que ser assim, ossado. Ou seja, tens que ser aquela pessoa que as pessoas veem como sendo, por isso é que as raparigas, e acho que as mulheres têm mais tendência, que é a questão do
00:06:58
Speaker
ser aquilo para encaixar naquilo que as pessoas veem como sendo o perfil de a pessoa perfeita, que não falha, que faz, que é sempre educada, que não sai fora do que aquilo que a sociedade quer, que ela seja. Portanto, acho que é por que também vem uma parte mais cultural e social associada à mulher. Uma das filhas, agora estava-me a lembrar, por causa disso que estavas a dizer,
00:07:21
Speaker
Uma das filosofias, aliás, um aspeto da filosofia Montessori é o não elogiar as crianças quando elas estão a fazer as coisas. Não estás sempre a bater palmas, tipo, ah, que espetáculo, és o maior, porque o que acontece é que a criança começa a fazer determinadas coisas não porque lhe dão satisfação, porque é tipo uma conquista, mas porque sabem que vão gerar aquela reação no adulto.
00:07:49
Speaker
E, portanto, começa desde logo à procura, a ter um comportamento muito vincado de cativar a atenção, a aprovação, por parte do adulto pelas coisas que faz e depois tem muita dificuldade. Quando não existe essa validação externa, sentir-se... Satisfaito.
00:08:10
Speaker
Ah, percebo. Duas coisas que eu tinha aqui, um bocadinho como mote, e que demonstram isso, uma música da Cat Burns, que é o People Pleaser, e ela diz mesmo na letra que é, é uma situação de perder, perder. Ou seja, vais adiante de comunicação, tudo vai piorando, em vez de dizer as coisas, ou tentar dizer as coisas logo de cara, tu acabas por esconder as tuas necessidades, estas tuas coisas, e ela diz, ah, eu odei ser assim,
00:08:37
Speaker
aprendi isto desde muito jovem e as minhas necessidades e vontades não são importantes de qualquer maneira. Ou seja, isto depois é aquilo que tu interiorizas ao longo do tempo e que depois acaba por te transformar o People Pleasing como uma forma de resposta.
00:08:51
Speaker
Eu acho que na base das bases, tipo antropológicamente, está a nossa necessidade de viver em grupo para sobreviver. Vem dos nossos estrais, sim. Pronto, isso está super realizado em nós. E portanto, a forma de nós nos mantermos no grupo muitas vezes é sermos úteis e sobretudo não levantarmos ondas.
00:09:12
Speaker
Por isso é que eu acho que o people-pleasing na adolescência é tão forte, porque nós temos mesmo essa coisa de nós não queremos de todo sair da norma. Nós queremos agradar, nós queremos fazer o mesmo que os outros, mesmo que eu tenho ano vezes, passei ano vezes por essa situação de eu não queria de todo fazer aquilo que se ia fazer, tipo sair à noite para terminar de sítio ou ouvir terminar da música.

Agradar pessoas na adolescência

00:09:35
Speaker
E ia porque, pronto, íamos todos e eu não... pá, é aquela coisa do, ah, não sejas... agora disso quase tipo, por não é? Não sejas cortes. Não sejas cortes. E acho que isso é super, é super forte. E depois acontece, além de toda essa questão dos traumas que existem, sem dúvida, tem muito a ver com a infância da pessoa e a família, a forma como foi criada.
00:09:57
Speaker
Eu acho que também existe muito esta coisa de nós não sabermos estar sozinhos. Talvez por isso, talvez porque ancestralmente não era bom ficar sozinho, porque significava que não ias sobreviver, que morrias. muita gente que tem muito, muito problema em estar sozinho e isso faz com que tu depois aceites coisas que se não tivestes problemas em estar sozinho não aceitarias. Sim, porque és fazer parte de um grupo, não é?
00:10:27
Speaker
Sim, veste em relações que não te trazem nada, pelo contrário, te trazem de coisas más e eu falo de relações amorosas, como falo de relações de amizade e relações de trabalho também, tu veste numa posição em que
00:10:42
Speaker
que estás numa situação, mas em vez de ser o mais vale do que mal acompanhado, não, é mais vale mal acompanhado do que só. Eu acho que isso tem muito a ver com esse nosso medo de ficarmos sozinhos. Nós não sabemos estar sozinhos, não é toda a gente? Mas muita gente que não sabe.
00:10:59
Speaker
Sabes que situações em que, por exemplo, e eu, ao fazer a análise deste episódio, eu também pensei um bocadinho sobre isso e fazendo coisas, eu, para além de fazer algumas coisas que em grupo não queria, eu tinha grupos de pessoas que partilhavam interesses comigo e nesses eu estava sempre tranquila, mas também tinha algumas coisas que às vezes queriam que eu fosse fazer tipo que eu não tinha vontade.
00:11:21
Speaker
Às vezes na escola gostavam de se juntar em grupo e fazer tranças no cabelo. Era aquilo que eu não queria, nem tinha mais vontade de passar o intervalo. Preferia ir ler para a biblioteca, mas era sempre maltratada, gostava de ler em vez de andar com as outras pessoas.
00:11:37
Speaker
Havia sempre aquela coisa. E cheguei à conclusão de que também houve muitas alturas em que, entre aspas, subjoguei algumas coisas para poder estar em grupo, para me poder safar de, por exemplo, de não voar porrada na escola ou outras coisas que tais. está, é um mecanismo de sobrevivência, seja na altura das cavernas ou agora.
00:11:56
Speaker
É verdade. E chegou-me essa ideia por causa daquele vídeo que partilhei contigo e que estávamos as duas também a conversar um bocadinho sobre isso também, sobre o tema que íamos falar, que a Débora, no podcast do John Bernthal, ela diz mesmo, e acho que é o exemplo mais direto que é, nós apresentámos como o oposto dos nossos medos e acho que o people pleasing manifesta-se por isso. Se o teu medo é não ser desejável, as pessoas não te quererem, não gostarem de ti,
00:12:24
Speaker
Então tudo o que tu vais fazer é um contraste disso. Ou seja, vais tentar por tudo que as pessoas não se chateem contigo, que gostem de ti. É uma tática de sobrevivência. Ela diz exatamente isso. Portanto, é uma coisa que me choca que não esteja ainda totalmente definido o conceito da interligação. A que doenças mentais é que isto pode estar interligado? O que coisas é que pode ser?
00:12:49
Speaker
porque não nada mesmo estruturado nem definido nem na psiquiatria nem na psicologia. Portanto, é um termo que se usa e que cada vez mais agora no século XX se tem falado cada vez mais, mas ele não está totalmente definido. Por isso é que eu acho que é tão ténuo aqui a definição e a tentar chegar a alguma raiz da... ou a razão de porque é que acontece e entender os sinais.

Os sinais de um agradador de pessoas

00:13:11
Speaker
A propósito de sinais. Tenho aqui alguns que acho que podem usar como um bocado como guia para identificar se estão a ter um comportamento people-pleaser ou não. Primeiro é a neutralidade, o ser neutro, o evitarmos expressar opiniões ou tomar partido para evitar rejeição.
00:13:31
Speaker
Isso muita vez acontece quando alguém que vocês conhecem expressam uma opinião que é completamente oposta à vossa e vocês evitam de dizer o que realmente pensam, porque sabem que isso pode gerar algum afastamento entre vocês e a pessoa. Assumir culpas, tomar a responsabilidade por problemas que não são nossos, numa tentativa de acalmar as situações. Isto acontece muitas vezes no trabalho.
00:13:55
Speaker
Portanto, assumirmos a culpa por aquela pessoa é uma forma, sabemos que é de gênero aquela pessoa, entre aspas, vai-nos ficar a dever uma, porque nós safamos de uma situação, estamos a assumir as culpas. O assumir as culpas é muito um tipo, eu faço parte da equipe, é muito um sentimento tipo, I got your back, não sei como dizer isto em português, estava a tentar chegar mas não.
00:14:18
Speaker
Sim, ou seja, eu estou aqui para te dar suporte, para te segurar, mas a questão é tipo, eu acho que nem é tanto, não sei se é numa ótica depois de cobrança mais tarde. Não, não, não, eu dizia entre aspas, mas não acho que seja para te cobrar, é para tu sentires que eu estou mesmo, eu estou tão do teu lado que eu sou capaz de assumir as culpas por uma coisa que eu não fiz para te safar de alguma situação.
00:14:46
Speaker
Outra muito óbvia é o nunca dizer não, mesmo quando vocês precisam de dizer não e querem dizer não, portanto envidiar dizer não por meio de desagradar, mesmo quando isso traz consequências negativas, o fingir ser quem não és, adotar diferentes versões de ti mesmo para agradar os outros, o que eventualmente vai levar a um desgaste emocional. Estes são alguns dos sinais que vocês podem
00:15:11
Speaker
Sobretudo quando dizem que querem fazer uma coisa e não não querem como não vos jeito nenhum, mas não conseguem dizer que não. Quando já... nós até falávamos no outro dia que é que tu podes dizer mil vezes que sim. Isso é uma coisa que me atormenta. Tenho muita dificuldade em lidar com o insetido pessoal. Por exemplo, no trabalho eu disse mil vezes que sim. Mil vezes eu estive disponível.
00:15:37
Speaker
a primeira vez digo que não, vejo que esse não pesa tanto, é como se invalidasse tudo aquilo que eu fiz até aqui. Então muitas vezes para evitar essa frustração, digo sim na mesma porque sei que o não vai provocar do lado de uma reação e eu depois não sei lidar com isso, depois vou ficar
00:15:57
Speaker
a remover naquilo, vou ficar furiosa, porque a pessoa não me vai dar... Porque acho que o People Pleasing tem mesmo muito a ver com a validação, a necessidade de validação dos outros. Dizerem tipo, obrigada por seres minha amiga, obrigada por fazer... Não tem que se verbalizar, mas acho que é preciso...
00:16:19
Speaker
do lado de cá, sentires que a outra pessoa valoriza aquilo que tu fazes por ela. Mas acima de tudo, dois pontos aqui relacionados com apresentar outra pessoa. Aqui a minha terapeuta às vezes fala no falso eu que tu apresentas, mas nunca com o intuito de maldade, ou seja, falso eu não no sentido de falsidade. É que tu não expressas o teu próprio eu, não expressas o teu desejo e aquilo que tu gostas.
00:16:49
Speaker
por te moldar um bocadinho e ajustas-te às situações, mas efectivamente não é aquilo que tu querias fazer, não é por falsidade nem por maldade, porque isto também é uma linha muito tenno.
00:17:03
Speaker
Sim, é engraçado que eu lia uma frase sobre isso hoje, pá, que fez-me todo o sentido, eu não tenho aqui o nome, mas era de uma psicóloga em relações humanas, em emoções humanas, era a especialidade dela, e ela dizia, a relação é autêntica,
00:17:23
Speaker
quando existe uma conexão com o teu verdadeiro eu. Ou seja, quando é o teu verdadeiro eu que é aceito do outro lado. Porque até aí, como estás a apresentar essa outra versão melhorada de ti, tu na verdade vais ficar sempre com aquela sensação de, ai se esta pessoa soubesse mesmo como é que eu sou.
00:17:48
Speaker
E ainda no outro dia eu não sei como é que estava a ter esta conversa, não sei se foi contigo, mas não me admira porque é que as relações não funcionam. muitas relações que não funcionam, porque a nossa primeira tendência é sempre apresentar uma versão melhorada de nós.
00:18:05
Speaker
Nós vamos, tipo, super polidas, estamos sempre, bem, estamos sempre maquilhadas, estamos sempre não sei quê, pronto, maquilhadas, estou a dar um exemplo que não pode nos ser transversal a toda a gente, mas tipo, ah, eu não me vou manifestar, não vou fazer muito... Nós temos ali um período de espera até sermos mais fiéis a nós próprias. E o que acontece é que depois duas pessoas namoram durante x tempo, mas durante aquele tempo todas elas não são autênticas.
00:18:31
Speaker
E depois aos poucos as pessoas vão-se começando a revelar, porque ninguém aguenta procurar, como eu dizia. E os amizades também. Exatamente, porque provoca... Sim, claro, provoca desgaste. Ninguém consegue viver nesta máscara polida durante muito tempo, mesmo que não seja, e como tu disseste bem, uma máscara para enganar ninguém ou para manipular ninguém. Nós queremos muito que aquela pessoa goste de nós.
00:18:54
Speaker
E então, pá, vamos fazer... Mas nunca podes gostar daquilo que tu és porque tu não mostras determinadas coisas. A ligação é verdadeira quando existe autenticidade, quando é o teu verdadeiro eu que está na

A diferença entre bondade genuína e agradar pessoas

00:19:09
Speaker
relação.
00:19:09
Speaker
Essa é a razão, porque eles interligam muito aqui esta questão do poder da vulnerabilidade, que está ligado também ao conceito da TED Talk da Brandy Brown, em que eles dizem exatamente isso, que é para poder ser algo autêntico, tens que conseguir ter essa vulnerabilidade, que é difícil, porque precisas ter coragem para isso, que nem sempre a temos como people-pleasers, porque de certa maneira de vez em quando é mais fácil fazer
00:19:31
Speaker
esse ajuste, porque estás muito habituada a adaptar-te a ser camaleão nas situações, do que efetivamente abrires o jogo e mostras as pessoas. Eu sei porque doeu muito deixar cair essas barreiras, portanto, é complexo. Em relação àquele ponto que tavas a falar do dizer que sim várias vezes e depois quando dizes, não, peço que entramos na shit list.
00:19:54
Speaker
Eu tenho também esse sentimento, portanto, percebo-te. Mas eu fico, às vezes, com aquela questão na minha cabeça, e como isto não está totalmente definido, não sei se é, se não é que é, será que também não é o nosso síndrome de impostoria, etc., que acha que é? Se eu for dizer que não, eu vou ficar na shit list, porque, se calhar, se tu dissesse que não, a pessoa também reage de determinada maneira, mas de cara a não ficar chateada, ou seja... Não, super é. Super é. Eu vou ficar a pensar naquilo durante uma semana. A pessoa...
00:20:23
Speaker
Ou não quer saber ou vai ficar chateada duas horas e passou-lhe. Mas a cena é um bocado como ao confronto. Muitas vezes o confronto não é tanto o momento em que tu confrontas a pessoa e dizes o que precisa dizer, é mais a quantidade de vezes que tu vais reviver aquele confronto, primeiro antes que tu vais antecipar e depois a quantidade de vezes que tu vais reviver
00:20:49
Speaker
como é que podia ter sido, o que é que podias ter dito, se devias ter confrontado, se não devias ter confrontado. São estas coisas todas, não é? Ainda para mais para esta pessoa aqui que tem delay de retórica. Portanto, eu nunca me lembro do tipo das coisas todas simplesmente. Mas eu acho que isso toda a gente... Eu lembro-me quando era... Agora cheio de fazer isso, mas eu lembro-me que quando era mais nova... Eu tive tantas discussões boas que nunca aconteceram. Exato, na tua cabeça.
00:21:14
Speaker
Pá, as coisas eu tinha todos os argumentos. Também percebo, mas tive muitas. Agora também tive muitas. E eu acho que muitas vezes... Exato, mas eu acho que é muito isso. Às vezes evita-se o conflito, porque está, porque tu vais... para quem é particularmente ansioso, para quem rumina muito nas coisas, tu vais ficar muito tempo
00:21:33
Speaker
Estás-te a proteger. A reviver aquilo. Estás-te a proteger, de certa maneira. Porque sim. Estás-te a proteger. Ofrontares. Eventualmente ou mostras o teu eu ou então vais ter que acabar por voltar outra vez a adaptar. Estás a ver? E então eu acho que é um bocadinho tudo uma forma de proteção. Eu acho que levantar barreiras, de certa maneira.
00:21:51
Speaker
É porque tens estas inseguranças todas e isso vai-se manifestando na forma como tu te das aos outros e depois também na tua capacidade de ser vulnerável ou não. Se foste magoado ou não, se passaste por experiências menos boas ou não. Isso faz com que tu te vasse sempre construindo esta carapace. E tudo isto são ferramentas que funcionam. Às vezes melhor, outras pior. O que não quer dizer que sejam boas ferramentas, mas são ferramentas.
00:22:19
Speaker
E às vezes porque as treinas, como as treinas tanto acabam por ser naturais, acabam por ser um mecanismo automático. Tu nem das por ti, se calhar, a fazer essas coisas e por isso é que às vezes é bom tu perguntar-te... Eu estou a dizer que sim a isto e isto não me jeito nenhum. Eu estou a dizer porquê. Porquê é que eu... Porque eu tenho medo se eu disser que não, que esta pessoa fique desapontada comigo. Uma das coisas que nós também falávamos era até que ponto, porque...
00:22:47
Speaker
Eu sou assim e tu também és assim. Existe um livro muito bom que eu nunca li, mas que vi 500 peças de conteúdo sobre isso e quero muito ler, que tem a ver que são os actos, as linguagens do amor. E uma das linguagens do amor são os actos de serviço, as coisas que tu gostas de fazer pelas pessoas que tu amas. E muitas vezes a forma de nós demonstrarmos amor
00:23:13
Speaker
é fazermos essas coisas por essas pessoas. E eu sei que tu és muito assim, e eu também é uma coisa que eu gosto muito de fazer, de mostrar que gosto da outra pessoa, fazendo alguma coisa que eu sei que vai, pá, melhorar a vida dela, que vai ajudá-la no trabalho, que vai facilitar... pronto. E uma das coisas que nós falávamos esta semana era onde é que acaba a gentileza e que começa a ser people pleasing, não é?
00:23:39
Speaker
E está muito na base. É olhar para a base da bondade, por assim dizer. Nós estamos a fazer estas coisas porque gostamos da pessoa e sabemos que vai agradar, mas na base está o medo de sermos rejeitados, está o medo de sermos abandonados, está o medo das pessoas pensarem pior de nós.
00:24:04
Speaker
Porque acho que fazer estas questões... Eu acho que também está na base da relação. Eu acho. Também. Mas estar muito na base também da tua essência, acho eu. É uma linha muito tênue. Aliás, quase todas as coisas aqui são muito tênues, por isso que eu estava a dizer que é muito difícil nós entendermos os sinais. Mas, por exemplo, aquilo que tu estás a falar aqui, uma coisa muito específica que é uma das razões que eles falam aqui, também relacionado com o people pleasing,
00:24:32
Speaker
tem a ver com o fator cultural, que faz com que as pessoas tenham alguma tendência a manifestar gentileza em vez de desconforto. E eu acho que vem daí, vem dessa diferenciação, ou seja, porque a sociedade, o que é que ela valida? Valida o ser positivo, o ser feliz, mas não valida tipo a tua raiva.
00:24:54
Speaker
ficar enravecido não é uma coisa que seja aceita. Então culturalmente nós tentamos amenizar estas coisas e acabamos por não fazer esta divisão, por isso é que eu acho que... Até porque está uma vez mais o que nós procuramos é a continuidade do grupo
00:25:11
Speaker
E a continuidade do grupo é mais propícia se existir boa vontade e atos de serviço entre as pessoas que integram o grupo. Sim. Por isso tanta esta conversa da comunidade, do trabalhar em prol da comunidade. É diferente, é diferente porque não é para ti. Ou seja, tu quando tens um ato de...
00:25:30
Speaker
de people pleasing e tentar ser bom, tipo, para aquilo, ou é individual ou é para ti. Ou seja, é para tu fugir de alguma situação e te proteger, ou é para outra pessoa gostar de ti e te valorizar por aquilo que tens de fazer. Mas às vezes é. É difícil identificar-nos isso. Implica mesmo uma introspeção.
00:25:47
Speaker
Tens que sair um bocadinho da situação e entender. Porque, imagina, eu acho que é esta questão do desconforto. Se te coloca, de certa maneira, tipo, fazer aquele ato um bocadinho em desconforto, porque tu para fazer atos de serviço, às vezes, podes não saber o que é que é aquela coisa, mas vais pesquisar, vais tentar entender, vais tentar fazer. Sim, vais tirar do teu tempo. Exato.
00:26:11
Speaker
para dar àquela pessoa, para fazer alguma coisa por aquela pessoa. Exatamente. Mas a questão é até que ponto é que tu te vais prejudicar se existir essa... Não existe. Se existir e prejudicar, então é porque tu estás a fazer people pleasing. Porque se te prejudicar assim individual... Se for até ao nível de tudo te prejudicares,
00:26:31
Speaker
para beneficiar-se a outra pessoa, às tantas que avaliar até que ponto é que isso é uma relação saudável, não é? Sim, torna-se uma relação tóxica, diferenças entre essas relações e eu tinha aqui um bocadinho essa nota que era, para eu não me esquecer, que as relações recíprocas e saudáveis, ou seja, aquelas que são
00:26:55
Speaker
autênticas, neste caso, tu consegues ter uma melhor percepção com o tempo. Era aquilo que tu dizias tipo um bocadinho mais atrás, que é... Logo no início não vais conseguir fazê-lo e depois das duas uma. É um bocadinho aquilo que eu costumo dizer. uns tempos eu era muito fechada, não me mostrava e etc. E às vezes quando comecei a abrir, havia pessoas que me diziam, mas tu porque é que baixas as defesas assim e dás o peito às balas e não sei quê? Tipo, é do género. As pessoas vão-me conhecer,
00:27:23
Speaker
seja no início, seja mais para frente da mesma maneira. Eu tenho que tomar uma decisão depois se aquela pessoa faz ou não faz parte daquilo que são as coisas e as pessoas que deveriam estar comigo. Ou seja, porque mais para frente é que eu vou conseguir fazer, mas se eu não me mostrar, a pessoa não me vai conhecer e portanto eu não sei se ela vai gostar de mim por mim,
00:27:42
Speaker
ou por outra questão qualquer. Então é um bocadinho, é difícil e demói, mas depois com o tempo acabas por entender, ok, esta pessoa está comigo, é uma coisa que é autêntica, é recíproca, faz sentido, é uma pessoa que tem até interesses e coisas comuns a mim, então faz sentido manter esta pessoa na minha vida.
00:28:01
Speaker
As outras vão mais acabando por afastando, porque automaticamente começa a mostrar e anotar-se, mas no início nunca és capaz, agora tens que ter essa capacidade de baixar as barreiras, porque senão nunca vais saber se gosta de ti ou se gosta da pessoa que tu estás a mostrar.
00:28:18
Speaker
Sim, porque senão também é um bocadinho aquela coisa do... agora vou sair aqui fora do tópico, mas se tu és uma pessoa bondosa por natureza e que gostas de ser aberta, por assim dizer, não é? Porque é que tu tens que mudar a tua natureza porque pessoas que não vão
00:28:39
Speaker
Saber estimar isso, percebes? É tipo, deixe ao mundo fazer o que o mundo quer fazer, mas não alteres a tua natureza por causa dos outros. Eu acho que isso é super importante. Tipo, nós não ficarmos cínicos ao longo do tempo. Tipo, se eu sou uma pessoa aberta, se eu sou uma pessoa boa, entre aspas, o que é uma pessoa boa é muito diferente, mas se eu sou uma pessoa boa, que tem boas intenções, que quer dar aos outros coisas boas e não sei o quê,
00:29:08
Speaker
Tipo, porque é que eu hei de mudar, erguer as defesas e tudo mais? Pá, tipo, deixa os outros serem aqueles... Eu acho que a gente tem muita... Eu estou a dizer isto porque vejo que nós temos muito... Eu também sou uma pessoa muito... que se me dizia, venha a nós. Tu conheces-me, eu abro a porta da minha casa. Eu vou sempre com boas intenções primeiro. Isso, e apanhei muitas desilusões e apanhei surpresas, nada boas. Mas acho sempre que, pá, o problema a estar neles não está em mim.
00:29:35
Speaker
Sim, eu percebo isso. Eu no início, eu consegui perceber-te que o meu people-pleasing era muito, era muito detectável. Era direto. E isso também é uma das coisas que podemos deixar aqui a nota que é. Nós podemos achar que não, mas é fácil. As outras pessoas conseguem facilmente, com meia dúzia de interações, entender que aquela pessoa é people-pleaser e facilmente conseguem alguma coisa daquele lado. Portanto,
00:30:03
Speaker
É aquilo que se chama dizer pessoas que sabem com quem fazem. Sabem que aquelas pessoas vão ser predispostas a determinadas coisas, especialmente se for a... Eu acho que sempre fui genericamente tipo boa pessoa, mas eu me mostrava quando a pessoa tinha x tempo na minha vida, ou seja, eu dava tipo confiança muito tempo depois e tinha muita dificuldade normalmente em deixar as pessoas entrar e me
00:30:28
Speaker
Chegou uma altura da minha vida em que eu tinha muito poucas pessoas, tipo, com capacidade para estarem no meu nível de núcleo duro. E a verdade é que também por outras questões mais para trás de certas perdas que eu tive, eu achava que não podia deixar as pessoas chegarem a um determinado nível de confiança, nem mostrar aquilo que eu era.
00:30:49
Speaker
porque genéricamente acho que acharia também que as pessoas não iam gostar, e depois por proteção, e sempre havia essas barreiras, e havia muita gente que quando eu comecei a mudar um pouco, que começou a perguntar-se muito na ótica da minha proteção também, que é do género, porque é que estás a fazer o contrário agora, porque isso te vai causar dano.
00:31:11
Speaker
Ou seja, as pessoas não entendem, mas o isso, o isso, que é, isso corre bem e isso corre mal. Isso corre bem. Hoje em dia, tipo, posso dizer que tenho mais do que uma mão de pessoas, tipo, que são meu núcleo duro e por isso, e que são relações autênticas e verdadeiras e por isso.
00:31:27
Speaker
E isso acontece porque tu te abres dessa forma, porque tu dás essa oportunidade, porque caso contrário é muito difícil. Muitas vezes as pessoas desistem quando têm essas barreiras. As pessoas acabam por desistir.
00:31:42
Speaker
E depois agora é outro tema que a gente também tem pensado para o podcast, mas que eu acho que faz sentido, porque acho que tem a ver com isso, tem a ver com... Nós em criança somos muito ingênuos e também é assim, vem a mim e quero ter amigos e é fácil ter amigos, mas depois quando chegamos a adultos é uma coisa um bocadinho diferente e eu acho que vem destas coisas, que é nós vamos desenvolvendo coisas ao longo da nossa infância, da nossa fase mais adulta que acabam por tornar
00:32:09
Speaker
estas relações um bocadinho mais difíceis, porque levantamos estas barreiras e tentamos nos proteger e portanto...

Impactos na saúde e auto-estima

00:32:15
Speaker
que mencionar, fomos falando algumas, mas são importantes para reforçar o porquê de ser importante desconstruirmos o people pleasing, que é quase as consequências do people pleasing e as consequências negativas. Uma baixa autoestima. Como não conseguimos agradar a gregos e a troianos ficamos muito inseguros.
00:32:35
Speaker
O esforço de agradar a todos pode, muitas vezes, levar ao isolamento e ressentimento. As pessoas nem sempre retribuem o mesmo nível de consideração e, portanto, causa uma frustração muito grande, era aquilo que estávamos a falar. Falta de autenticidade. Portanto, a necessidade de agradar impede que se desenvolva uma relação genuínas, baseadas no teu eu autêntico, que é, como dissemos, onde acontece a verdadeira conexão. É quando a pessoa te e tu sentes que podes ser mais tu,
00:33:02
Speaker
tu sientes que a ligação é mais rica, que te traz mais coisas boas. Claro. E por outro lado, o impacto também emocional e físico, o stress constante de agradar-se a alguém, prejudica a tua saúde tanto mental quanto física e implica muitas vezes levar-te ao extremo, físico e mental, para conseguires agradar uma pessoa.
00:33:28
Speaker
E nós até falávamos, eu brincava com a Andrea porque eu dizia-lhe que a Shonda Rhimes tem um livro que é o The Year of Saying Yes, é que ela diz que sim a tudo e eu acho que a Andrea não precisa de ler esse livro, precisa de escrever o seu próprio livro que é The Year of Saying No. Que desafio ela dizer que não.
00:33:49
Speaker
Mas estar muito melhor, eu estou a brincar, mas eu noto que tive essa diferença da altura em que te conheci e pá, agora notas que é uma coisa que tens vindo a trabalhar e que estás cada vez mais segura nesse teu dizer que não e que fazes uma escolha tipo, estas pessoas valem apenas esforço, estas pessoas não valem. E às vezes
00:34:09
Speaker
Mesmas mesmas pessoas, para as quais às vezes esforças, às vezes também, tipo, sentes que, não, eu agora preciso de me privilegiar a mim, preciso de me pôr a mim com prioridade e é muito bom ver que isso acontece, porque nós...
00:34:25
Speaker
Precisamos de fazer isso. Precisamos às vezes dizer, pá, eu gosto imenso de ti, mas eu não consigo fazer isto. Eu gostava de poder ajudar, mas eu não vou oferecer ajuda porque isso me vai deixar a mim. Eu depois não tenho saúde para fazer esse jogo forte. É verdade. Está em diante. É verdade. Mas sabes que eu quando comecei, neste caso, o diagnóstico de endometriose e da adenomiose, essas coisas todas,
00:34:51
Speaker
Foi a fase em que eu tive as piores crises e eu lembro-me que às vezes eu dizia para mim, não me apetece nada sair, mas eu marquei com esta pessoa e agora não vou deixar a pessoa na mão, porque não sei o que. E depois chegou uma altura em que eu comecei mesmo a dizer, tipo assim, a pessoa de gostar de mim, independentemente se eu consigo ou não consigo. E tive anos de situações em que saí para a rua,
00:35:14
Speaker
Tive uma crise e a seguir a isso disse, olha, não vou jantar, não consigo, não posso juntar, vim este bocadinho, mas agora não consigo mais. E ter uma noção de que eu estou em primeiro lugar, a minha saúde está em primeiro lugar, porque senão também não sou boa para as outras pessoas. A realidade é essa, se eu me estourar também é por ter que descarregar em alguém, não é?
00:35:36
Speaker
É difícil esse equilíbrio, mas eu acho que também tem a ver um bocadinho com o caminho de começar a gostarmos de nós e isso também mexe com a nossa autoestima, mas pronto. Não estou de todo no ponto certo. pessoas que hoje em dia dizem que eu que tenho a minha vida muito bem organizada e que eu giro muito bem as minhas coisas. Às vezes tenho dias em que estou para aqui aos berros, tipo que não sei para onde é que me viro, mas pronto.
00:35:58
Speaker
Sim, mas estás muito... eu noto imensa diferença e acho que isso é super saudável e positivo e como tua amiga fico mesmo contente porque sinto mesmo tipo que é preciso tu pôr-te em primeiro lugar, tipo, e está tudo ok. E quem gosta de ti
00:36:15
Speaker
vai ficar, vai perceber que naquele dia não deu, percebes? Eu acho que era um bocado esse ponto que eu queria fazer, que é aquele dizer antigo do faz falta quem está. É mesmo verdade, tipo, quem gosta, quem é amigo, vai compreender, vai conhecer, vai saber que se calhar pessoas com quem é melhor ir almoçar do que jantar, porque aquela pessoa
00:36:38
Speaker
funciona melhor à hora de almoço, tem as suas coisas ao final do dia e não vai ficar chateado quando fazes um jantar e aquela pessoa não vai, porque conhece a pessoa, porque sabe que aquilo... porque é muito... eu acho que a amizade é muito isso, é tipo, todos nós temos as nossas cenas, todos nós... e acho que ser amigo muitas vezes
00:36:59
Speaker
é dizer que não pela pessoa. Sim. Ou seja, saber que aquela pessoa vai dizer que sim e não perguntar. Não perguntar porque sabe que a pessoa vai dizer que sim. Então eu não pergunto, porque eu sei que aquela pessoa com boa vontade de me querer ajudar vai se esticar a um limite que não é fixe para ela. Eu ia dizer isso, porque é as pessoas que costumam te fazer isso.
00:37:21
Speaker
Então, mesmo quando tu não te consegues priorizar por alguma razão, ela sabe porque é que tu o fazes e acaba por... E essa é uma das coisas, né? Tipo, tu sabes muito bem que eu estou sempre para ajudar as pessoas. E sempre que dizes qualquer coisa, às vezes dizes qualquer coisa em voz alta e passado um bocado, você me diz, espera, não é preciso nada, eu estou comentando. Foi aquilo que falámos, que nós falámos aqui no outro episódio. Eu sei que tenho que dizer, olha, mas não vais procurar nada, estou para aqui a ventilar,
00:37:49
Speaker
mas não procuros. Às vezes eu preciso dizer as coisas em voz alta e depois vou procurar. Mas a verdade é que isso é o que se chama, tipo, dita responsabilidade afetiva e o tamanho do teres o cuidado com o outro, tipo, de o conheceres e saberes que ele está num caminho, fez um bom caminho e um bom passo.
00:38:08
Speaker
Mas coisas tipo, ainda no outro dia estava um bocado mais fechada em mim. Também houve uma amiga minha que veio ter comigo e disse-me tipo, olha vou-te dar na cabeça porque é assim, isto de dar silêncio às pessoas tipo não convém. Mas é claro também, pronto eu gosto de ti e perceber porque tu estás tipo num momento em que precisas tipo de...
00:38:27
Speaker
de te isolar, mas pronto, venho dar aqui na cabeça, não vai isso ajudar a que a coisa volta ao caminho. E eu percebo e eu gosto de que as pessoas me deem esse feedback. Porque às vezes a pessoa sabe que tu tens essa tendência de te isolar e tipo não quero que tu vas' demasiado longe. Tipo ok, eu sei que preciso ficar sem ninguém,
00:38:45
Speaker
Atenção, temos aqui na mesma, exatamente, é um bocado fazer essa monitorização pelos nossos amigos. Até porque até mesmo o People Pleasing, uma coisa que também é uma das coisas que acontece, que é não, tu não, não sentes que tem, que deves pedir ajuda.
00:39:03
Speaker
Tu não pedes ajuda. Tu ofereces às outras pessoas todas, mas depois achas que tu não mereces. Tu das, mas depois não pedes. Isso é uma realidade. Eu acho que o meu people pleasing vem muito daquilo que falámos do síndrome de impostor, na verdade. São duas coisas que se misturam.
00:39:25
Speaker
Mas eu acho que o teu também está... tem melhorado ultimamente, até mesmo tipo com a mudança de trabalho e isso eu acho que também tem facilitado. Sim, mas é porque do outro lado, os meus chefes e as pessoas com quem eu trabalho agora fazem mesmo para desconstruir esses comportamentos em mim. Mas é importante, a verdade é essa.
00:39:48
Speaker
Super, super. Naturalmente eu acho que teve muito a ver com isso, com criar a ideia. Eu quis ser sempre a boa aluna, boa filha, boa neta e eu não sei porque sinto, sentia que se não fosse assim desapontava às pessoas, certo? E como

Lidando com a exaustão e a culpa

00:40:07
Speaker
tal,
00:40:07
Speaker
Fiz sempre tudo para manter essas coisas e isso muitas vezes implicou levar mais hosta no trabalho, estar numa fase, eu acho que nunca tive, clínicamente nunca tive deprimida, mas eu acho que tive muito perto de ter um burnout.
00:40:23
Speaker
todas essas coisas porque eu quero que a pessoa cultivar essa ideia de tipo esta pessoa vai trazer o seu melhor, o seu A-game, estás a ver em todos os momentos e detesto expressar fraqueza naquilo que estava...
00:40:38
Speaker
Estavas a dizer, e por acaso na semana passada falava com a minha tripeta sobre isso, em que eu dizia, tipo, eu tenho a sensação que coisas em que eu sou mesmo fraquinha, e ela até ficou assim meio, tipo, fraquinha é uma palavra forte, tipo, fraca é uma palavra forte, e então que eu mais que sou fraca, testo demonstrar fraqueza, detesto ter que pedir ajuda, detesto dizer que não consigo fazer, tipo, faz-me sentir mesmo incompetente. Claro.
00:41:05
Speaker
Por causa dessa ideia toda que eu acho, que eu não quero perturbar, que eu não quero destruir no fundo. E isso fez com que eu diga que sim a muitas coisas e faça muitas coisas, porque quero que as pessoas tenham essa ideia, tipo, Andreia é aquela pessoa que nunca vai deixar cair a bola. Tu sabes que vais lhe dar a missão impossível e ela vai... coisa.
00:41:28
Speaker
Eu percebi porque tive a mesma conversa com a minha na semana passada. Eu estava lhe contar uma situação e ela estava-me a dizer, então, mas você não diz que não ou que não está com disponibilidade ou que a outra pessoa do outro lado pode não ter disponibilidade, porquê? Se a outra pessoa não tiver disponibilidade, você insiste em fazer porquê? E eu disse-lhe assim, então, mas eu não posso falhar.
00:41:49
Speaker
Não vou ser eu a largar a bola, deixe isso que não vai acontecer. Na minha cabeça sou eu que estou a falhar. E ela disse assim, mas não está a falhar ninguém, você tem a olhar para cada um e cada um é do gênero. Esta pessoa pode ou não pode, para agir a gente de não dá. E é ser sincero e dizer tipo, não dá.
00:42:09
Speaker
Sim, mas está acontece a nossa cabeça, são conversas que a gente tem na nossa cabeça e casmas nunca chegam a sentidas com a outra pessoa. É esse o problema do people pleasing e do cêntimo de impostor, é que são coisas que existem na nossa cabeça, são problemas que existem aqui.
00:42:25
Speaker
Mas ainda não conseguimos desenvolver, nem cortar essa raiz, porque é difícil, é difícil chegar a esse ponto. Por exemplo, eu cuidei desde muito cedo de mim própria, em criança, e sempre me trataram como se eu fosse uma adulta. Ou seja, estava para resolver os problemas das pessoas todas, era adulta tipo da família, era quem juntava a família toda.
00:42:45
Speaker
Portanto, a dinâmica de família mostrou que todos mereciam atenção menos eu. Inclusive, é tipo os meus irmãos, etc. Precisavam sempre muito mais porque eu era acertinha, eu fazia sempre tudo bem. Estavas resolvida. Estava resolvida, não dava problemas, portanto ninguém precisava de me prestar atenção, ninguém precisava de me dar sentimentos de segurança, de protecção, porque pronto,
00:43:08
Speaker
Se a célula é perfeita, não faz nenhuma falha, portanto não estresse. Em adulta, comecei a ter comportamentos que me prejudicavam para não perder pessoas. O meu people pleasing, que foi basicamente não demonstrar sentimentos por medo ou vergonha. A questão toda de não ser vulnerável. Dizer que sim a tudo e depois arrepender-me e ressentir-me comigo própria, muitas vezes.
00:43:31
Speaker
E aquele sentimento de... É que tu acabas por ressentir contigo, mas também ressentes os outros. Ah, sim. Eu acho que tu acabas também por ressentir a outra pessoa. Eu sempre tive muito mais comigo própria, porque sempre fico com aquele peso de... Claro que às vezes penso, tipo, ah, outra pessoa podia ter respondido assim ao assado, mas a verdade é que...
00:43:50
Speaker
vem muito mais de mim, então também é aquilo que eu controlo, portanto é sempre aquele caminho que eu faço. Manto por cima de mim mesmo quando não é comigo, quando não fui eu. Exato. Porque assim consegues resolver, né? Sim, supostamente, né? Às vezes é um problema.
00:44:05
Speaker
Mas aquele sentimento também de salvar as pessoas, né? I'm gonna fix you, tipo, basicamente. Porque as pessoas vão precisar de muito. Eu para caso li, eu para caso também li no artigo de psicologia que quem é muito people pleaser tem tendência a envolver-se em relações problemáticas com pessoas com problemas. Por causa dessa coisa de eu vou
00:44:28
Speaker
eu vou resolver a tua vida, eu vou te ajudar. Exatamente, exatamente. Pronto, dificulada em pedir ajuda e pedir desculpa muitas vezes, que sempre foi muito inicial, principalmente os meus amigos aconteciam muito, no trabalho não tanto, mas pessoalmente.
00:44:46
Speaker
havia muito e com a família igual. E depois aquela questão do duvidar das suas capacidades, procurar validação externa, rever muito os meus erros e

Estratégias para quebrar o ciclo do agradar pessoas

00:44:55
Speaker
dar muito mais energia do que aquilo que eu tenho para dar, que é basicamente a minha social battery. Hoje em dia eu tenho muito mais noção disto e tenho noção de quando é que me devo recolher, quando é que devo estar, quando é que devo recarregar, porque senão estou sempre completamente ternada e sem capacidade para fazer nada.
00:45:13
Speaker
Mas muita coisa que eu olho para trás. E, por exemplo, quando era mais adolescente, tinha muitas pessoas que me diziam que eu era geek, que era nerd, alguma coisa do género. Para mim, eram aquelas coisas meio... Logo de ficar com os braços... Com os pelos dos braços logo levantados. Era um modo de alerta de... Esta pessoa vem pedir alguma coisa.
00:45:37
Speaker
Pois, exato. Exato. E o que percebes de computadores? Fá, é aquela coisa, sabes? Uma pessoa ficava logo tipo tu. Não quero ser vista assim. Sim, porque depois muitas vezes acontece. Estas pessoas falam conosco quando precisam de alguma coisa.
00:45:56
Speaker
Porque está, topam alegas que tu tens em ti essa coisa de querer ser amável e querer agradar e pronto. Acabas por... Pois sabes, mas depois começas a eroptosias, começas a identificar esses padrões, porque essa pessoa faz isso para determinadas coisas. Mas sabes que uma coisa interessante que eu li e que vem de um livro que eu acho que é super interessante e que quero ler, não li ainda, mas vi aqui uma frase que acho que é totalmente correta para este ponto.
00:46:25
Speaker
Aquela questão que eu estava a falar do identificar facilmente um people pleaser, que é, se tu és um viciado em aprovação, o teu comportamento é tão fácil de controlar quanto do qualquer outro viciado, não é? Porque basicamente é isso. Porque as pessoas sabem o que é que tu procuras e o que é que estás disposto a fazer. Tudo o que é um manipulador precisa fazer um processo simples de duas etapas, dar-te o que é que tu queres e depois a me assar tirar, basicamente.
00:46:51
Speaker
Exatamente. Fica sempre, está sempre ali, presente, a pairar no ar. É sem estabilidade, é assim, eu estou aqui, mas estou aqui enquanto tu fizeses isso por mim. Exatamente. Não é verbalizado, mas está sempre lá, a pairar. Está implícito, exatamente. O livro chama-se de This is to Please, The Harriet B. Breaker, e depois deixo-te nas referências para poderem ver.
00:47:18
Speaker
Ela tem um quiz e tem também um quiz para identificares o teu tipo de People Pleaser e um plano de 21 dias para acabar com o People Pleasing. Uepa! Quiz e plano de 21 dias? Sai menos! Take my money! Agora que nós chegámos à parte do como resolver, não vamos aos 21 dias, mas vamos com algumas dicas para quebrar este ciclo de People Pleasing. Sim. Portanto, a primeira será estabelecer limites saudáveis, definir
00:47:45
Speaker
claramente o que é que estás disposto a fazer e se necessário comunicar esses limites. Nem sempre é necessário, às vezes tem que dizer os limites para vós próprios, mas muitas vezes é preciso verbalizar. Mas às vezes é bom quando é para avaliar situações. Esses limites ajudam-vos a definir se uma situação de people-pleasing ou não, por exemplo.
00:48:04
Speaker
dar prioridade às tuas necessidades, portanto, antes de dizer sim aos outros, perguntar-te o que é que tu realmente queres, tipo, eu quero realmente fazer isto, tipo, isto é a mesma coisa que faz sentido para mim, isto está alinhado com os meus valores?
00:48:21
Speaker
Muitas vezes, não está de todo alinhado com aquilo que nós definimos para a nossa visão de vida, para o que queremos... me aconteceu muitas vezes isso. Tinha muita aquela ideia de, ah, vamos lançar um negócio e blá blá blá. E esta não se dava por mim. Naquela citação, não é? Porque louquinha dos projetos. E dava por mim, tipo, mas o que é que eu estou a fazer aqui? Tipo, isto eu nem quero fazer disto de vida. Tipo, eu nem estou assim tão interessada nisto. Tipo, eu não estou disposta a fazer o sacrifício quando for preciso fazer o sacrifício.
00:48:49
Speaker
E se tu não estás disposto a fazer esse sacrifício, provavelmente isso não é uma coisa importante para ti. Mesmo que as pessoas possam ser, provavelmente não é. E é importante ser capaz de reconhecer isso. Dividir, sim. outra coisa que é o praticar o não. Ou seja, começar com pequenas coisas. Não ir logo tipo aos big deal, tipo às cenas mais difíceis.
00:49:10
Speaker
mas ir praticando em pequenas coisas, que são mais pequenas. Sim, coisas que não vão ser tão deal breakers, ou que tipo, é isso? Olha, convidaram-me para ir ao ranch, não me jeito nenhum, estou cansada. Pá, vou dizer que não, está tudo bem. Tipo, aos poucos. Era o que eu lia numa frase também, alguns que eles diziam que era
00:49:30
Speaker
Começa por coisas que estão pequenas, quando paras num sinal e alguém te quer lavar os vidros do carro e tu dizes que não. É a primeira coisa, porque um people pleaser o que é que vai fazer? Lava que eu dou-te uma moeda porque não sou capaz de dizer que não e quer ajudar aquela pessoa.
00:49:48
Speaker
Eu acho que um bom exemplo é se vocês se virem em situações insólitas em que pensam mesmo tipo, mas o que é que eu estou aqui a fazer? E isso me aconteceu várias vezes na vida. É pá, major red flag. Exato. Vocês não precisam pensar o que é que eu estou aqui a fazer. Analisem o que é que vos levou a chegar até aí. Exatamente.
00:50:13
Speaker
praticar a autocompaixão, tanto sermos gentis, especialmente quando sentes culpa por não conseguires agradar a todos. Não se pode agradar gregos e traianos malta. Toda a gente goza comigo por causa dos provérbios, mas os provérbios têm uma razão de ser. Os ditados, os provérbios, sabedoria popular,
00:50:29
Speaker
normalmente está correta. E é verdade, não se pode agradar a gregos e atroianos. E nem é isso. É uma coisa tão simples quanto começarmos a dizer para nós próprios que nós nem queremos que toda a gente goste de nós. A realidade é essa.
00:50:43
Speaker
Exatamente, porque se toda a gente gosta de vocês... É comum. Alguma coisa... É comum. É porque vocês, se calhar, estão a mudar, não é? E nem toda a gente interessa. Peço desculpa, mas é verdade. Umas pessoas vão interessar para mim e não vão interessar para outras pessoas. Assim como eu também não interesse de toda toda a gente. E está tudo ok, acho eu. Claro que sim.
00:51:06
Speaker
Pequenas, pequenas mudanças. Começa por implementar, como a André dizia, pequenas mudanças, como não responder imediatamente a pedidos não urgentes. Confere. Amanhã também é dia. Amanhã é dia. Ativem a opção do WhatsApp, que não mostra logo o visto azul.
00:51:24
Speaker
Eu sei que um monte de malta que detesta isso, levei várias bocas de amigos e familiares, mas malta, desativem isso, porque isso tira-vos a pressão de responder no imediato e dá, sentirem-se, forçados a dar uma resposta quando ainda não estão preparados para o fazer. Sim. E faz com que também estejam sempre ligados quando isso não é uma coisa saudável. Também vos digo, se alguém estiver do outro lado, armado em stalker, a ver quando é que vocês estão online para falar e coisas e etc.
00:51:54
Speaker
Red flag. E é aquela relação tóxica que não vai fazer sentido porque é um people pleaser agradar aquela pessoa. Portanto, logo conseguem logo discernir. Porque eu, por exemplo, é do gênero. Às vezes mando coisas para pessoas e as pessoas dizem, não consegui responder logo ou qualquer coisa. Tudo bem, tens até para a semana para responder. Não uma coisa no imediato. Às vezes é para um ano para não esquecer. Que esta cabeça não funciona para tudo.
00:52:22
Speaker
Sim. Eu tenho muito essa mania de dizer antes das mensagens que vi, eu digo, não é urgente, isto é para ver para a semana, tipo, um monte de vezes mando coisas para a minha terapia, reflexões que eu tenho ou assim peças de conteúdo que eu gosto. E eu digo, isto é para não nos esquecermos, não sei quê. E sei que ela, pronto, prioridade, se eu precisar de ajuda urgente, ela está lá, mas
00:52:45
Speaker
As coisas que eu vou pôr no chat não são urgentes. Faço isso com a minha pediatra também, quando não é nada urgente é uma dúvida ou alguma coisa que eu quero escorcer com ela. Mete logo a capsa, não urgente. Mas sempre para ela perceber que pode responder depois. Para mim, geralmente tu passas por isso. Tu estás a tratar as pessoas como gostarias de ter tratado. E então é me amigar tipo um bocadinho aquilo que a gente precisa de que os outros também façam para nós.
00:53:09
Speaker
O último e não menos importante, a procurar apoio. Muitas vezes é difícil desconstruir o People Pleasing sozinho. Portanto, às vezes ajuda a ter um terapeuta, um conselheiro, um mentor, um amigo que te ajuda a identificar essas red flags.

Buscando apoio e vivendo autenticamente

00:53:26
Speaker
Mesmo ser aberto, se a relação permitir isso, tipo de dizer que se sente assim fragilizado.
00:53:34
Speaker
abrir um bocado o jogo para outra pessoa também saber, tipo, ok, eu preciso, eu com esta pessoa preciso de ter aqui alguns cuidados, eu não quero que ela sinta, não é? Acho que às vezes isso também pode trazer conversas interessantes sobre a relação, sobre a dinâmica da relação. Por último,
00:53:52
Speaker
Acho que é super importante o autocuidado, aprendermos a cuidar de nós, aproveitar as nossas necessidades, porque quanto mais nós gostamos de nós, menos temos essa necessidade, menos estamos preocupados com o que os outros gostam, exatamente. Eu gosto de mim, eu sei o que é que eu valho.
00:54:13
Speaker
gosta de mim vai ficar também e isso chega a esse ponto quando consegues ver em ti valor. Por isso tantas vezes vem da infância, porque se não te sentiste valorizado, se não sentiste como os outros te apreciavam, que sentiam a tua falta, que tu eras uma pessoa que valia a pena, depois carregas contigo essa... procuras esse teu valor nos outros e isso faz com que tu faças essas coisas todas que podem não ser fixas para ti.
00:54:39
Speaker
E depois está o procurar em relações que sejam onde possam ser autênticos. No outro dia estava a ouvir aquele podcast Modern Love do New York Times, que é a entrevista do Andrew Garfield. E ele recomendava uma prática que era à noite refletir em quatro momentos nos quais tu te sentiste mais próximo do teu eu.
00:55:04
Speaker
Quais é que foram os quatro momentos do dia em que tu sentiste mais próximo do teu eu? E trabalhar para teres mais momentos desses. Tipo, ok, foi aqui que eu me senti mais eu, foi aqui que eu estou mais próximo do meu eu autêntico, então como é que eu posso ter mais momentos desse ao longo do dia? Como é que eu posso estar ainda mais presente? E eu acho que as amizades são muito isso. E as relações, quando tu encontras aquelas pessoas com as quais tu podes ser tu,
00:55:31
Speaker
Eu não vou dizer sem filtros, porque alguns filtros nós vamos ter sempre. Algumas coisas de convenção social nós vamos ter sempre. Embora eu tinha de conta isso. Eu tinha uma amiga minha que se uma amiga dava um pum ao dela, ela ficava felicíssima porque a amizade delas tinha subido nível. Porque havia uma outra intimidade.-me vontade de rir, mas eu não discordo. Mas eu acho que é isso. Quando nós encontramos essas relações,
00:55:55
Speaker
Enquanto tu podes falar abertamente sobre determinadas coisas sem aquele poder, sem aquele tabu. Sem te sentir julgada, sem estares preocupada se a pessoa vai gostar de ti ou não. E sentes mesmo tipo, rapaz, esta pessoa viu aquilo que sou eu e ficou.
00:56:10
Speaker
E, portanto, esta pessoa gosta de mim mesmo por mim. Gosta de mim mesmo com as minhas cenas, com os meus macaquinhos. Esta pessoa, tipo, quis ficar. E isso faz... Isso eu acho que é a melhor validação que tu podes ter do teu eu. Portanto, acho que trabalhar para chegar a essas relações autênticas, e às vezes implica aquilo que tu estavas a dizer. O perder o medo e mostrar-te como és. É isso.
00:56:34
Speaker
Se ficar ficou, se não ficar vai ficar. Exato. Concordo plenamente. E acho que acrescento um bocadinho esta questão das amizades, até porque as que tenho agora são muito assim e a elas também lhes devo muito daquilo que ultrapassei em termos de people pleasing.
00:56:50
Speaker
Mas efetivamente é o poder ser eu, mas acima de tudo saber uma coisa que é muito difícil e principalmente para mim era muito difícil porque é que eu levantava as barreiras, que era o sentimento de sair no aguardo. E a questão é a pessoa saber tipo o pior de ti, mas não o usar contra ti.
00:57:12
Speaker
E a questão é essa, é a capacidade de tu fazeres isso, mostras o bom e o mau e a pessoa fica, gosta tipo aquilo que tu és e acima de tudo, aceita tipo aquilo que é mau em ti e não usa contra ti, ainda pelo contrário, ainda tenta exaltar aquilo que tu tens de bom e aquilo que vais conquistando ao longo do tempo. Eu acho que isso é a principal permissa e fico sempre muito contente de ter conseguido atrair isso para mim nestes últimos tempos.
00:57:39
Speaker
que não foi fácil, foi um processo bastante difícil. E fechando um bocadinho aquilo que tu estávas a dizer que é um bocadinho como nós falámos na parte da terapia, esta questão de tu saberes as tuas necessidades e escutaste a ti próprio, acho que vem muito da questão do desenvolver uma consciência de ti próprio. E voltamos aqui a um ponto que falámos também noutros episódios que é o
00:57:58
Speaker
em várias situações, saís fora de ti e tentares analisar como é que aquilo pode ser, porque efetivamente no momento nós vamos fazer aquilo que é automático, portanto para não voltar a acontecer é bom. Vais repetir os padrões e vais repetir as ferramentas que a forma como
00:58:15
Speaker
Em termos de dicas, aquilo que tu tavas a dizer, eu tenho aqui duas que é, uma delas é refletir sobre as próprias experiências e identificar situações onde o people pleasing está a afetar a nossa vida, ou seja, imagina criar um pequeno diário onde se coloque durante a semana os momentos em que dissemos que sim por pressão, os momentos em que tivemos
00:58:34
Speaker
situações de people pleasing e depois como é que podemos porque isso é que ganhamos consciência de nós próprios onde é que nós estamos basicamente como eu costumava dizer mais em pequena que é quando onde é que eu meti a pata na poça e ver tipo como é que posso corrigir mais para frente porque a única maneira de nós conseguimos para frente não voltar a fazer automaticamente saímos fora e conseguimos
00:58:53
Speaker
Nesta situação eu fiz isto. Espera aí, agora vamos fazer de maneira diferente. É isso que muitas vezes o terapeuta nos ajuda a fazer. É precisamente tipo, como é que esta situação podia ter sido diferente? O que é que aconteceu? Como é que se sente isto? E como é que isto podia ser diferente? O que é que podias ter dito? De que forma é que podias ter abordado o assunto? Então e agora na próxima? Como é que vamos experimentar fazer?
00:59:18
Speaker
Os profissionais nesse aspecto ajudam muito, mas sim sem dúvida autoanálise até para depois poderem chegar à terapia com conhecimento de causa de dizer. Eu notei que em determinadas situações eu faço isto, isto e isto. percebi que aqui um padrão. É super, super importante.
00:59:35
Speaker
Eu ia passar rapidamente pelas referências. Eu ouvia este fim de semana, porque isto é assim, nunca nada vem por acaso. O podcast das gostosas também Chora, onde a Leila Brandão tem um episódio que se chama Como Gostar de Ficar Sozinha. E não é sobre o people pleasing, mas é sobre encontrarmos esse espaço para conseguirmos desfrutar das coisas quando estamos sozinhos, sem precisar dos outros.
01:00:00
Speaker
E eu acho que pode ser uma das formas de combater o people pleasing é precisamente começarem a gostar da vossa própria companhia e estarem bem com isso, não terem necessidade de estar com outros. E depois também o Untamed da Glennon Doyle, que é um livro que muita gente recomenda por vários motivos e ela tem uma história do caraças e também aborda bastante a questão do people pleasing.
01:00:27
Speaker
um livro que eu estou a ler agora que se chama Bem Comportadas, de Elise Lohan, que é basicamente a história de como os sete pecados mortais foram interiorizados em nós, mulheres, e como isso condicionou a nossa forma de agirmos. E tem o The Joy of Saying No, da Natalie Lee, e a Set Boundaries Find Peace, da Nedra Glover Tsaoab. Acho que é assim que se diz, o Tsaoab.
01:00:56
Speaker
A Nedra tem, eu sigo muito tempo no Instagram, o tema principal dela é muito disso dos limites, do definir limites, do quando dizer que não, do como fazer as coisas, é super interessante e recomendo muito que a sigam online, mas vou deixar... Na descrição.
01:01:13
Speaker
Na descrição, sim. Eu tenho dois artigos, um é espanhol e o outro é o do Adam Grant, que fala sobre People Pleasing. Depois tenho o livro, o de This is to Please, que falei um bocadinho atrás. E outro livro que eu acho também importante para este tema, que é o The Courage to be Disliked, que é...
01:01:32
Speaker
do Ichiro Kishimi e da Fumitake Koga. E eu acho que também é um ponto importante, que é para além de estarmos sozinhos, também sabermos que não vamos agradar a toda a gente e que também, se calhar, também não queremos, portanto. Bom, fazendo aqui um ponto final. Tenho aprendido que não tenho de ter medo de perder ninguém, mas de me perder a mim mesma ao tentar agradar os outros. E eu tenho tentado ser People Pleaser com a minha própria pessoa.
01:02:01
Speaker
É uma boa permissão. Gostei. Gostei. Obrigada. Obrigada. Este foi o Bela por Ela, na conversa é sempre entre amigas.